Preocupação constante na direção do MOBRAL era atuar
para que se aumentasse o percentual de
alfabetizados em relação ao número de alunos matriculados no início do curso.
Esquadrinhávamos todos os fatores que influíam no respectivo rendimento: formação dos alfabetizadores
recrutados e seu treinamento específico pelo MOBRAL; assistência técnica
continuada que lhes era provida pelos
supervisores; eventuais deficiências do material didático adotado; ambiente
físico de nossas salas e assim por diante. As características de nossos alunos
- uma clientela predominantemente pobre ou mesmo miserável - eram também determinantes
e buscávamos o melhor meio de atender às suas necessidades básicas, dentro de
nossos recursos limitados.
Um levantamento de nossas salas de aula, que
funcionavam sempre em locais cedidos e principalmente
à noite, revelou as graves deficiências de iluminação, pois nem sempre existia
energia elétrica no local. Para que nossos alunos enxergassem, medida imediata
foi comprar milhares de lampiões a gás para substituir lamparinas precárias,
candeeiros e até velas ou tochas utilizadas nas salas de aula. O problema é que
além de tudo muitos alunos portavam deficiências visuais que a pobreza não
permitira corrigir até então. Relataram-me
que era usual, em certas feiras do interior, a compra, sem receita, de óculos
de grau para serem usados por aqueles
que tinham dificuldades em enxergar. O interessado chegava diante daquele monte
de óculos, ia colocando-os no rosto e afinal escolhia o que melhor lhe aprouvesse.
Era o Brasil carente... Ironicamente igual
ao Brasil rico e jovem de hoje, que displicentemente compra óculos de grau dessa mesma forma aleatória,
em lojas “high tech” dos shoppings da moda...
Fomos mais conservadores: pesquisamos o mercado,
fizemos uma licitação e contratamos a compra de 100 mil óculos de grau para
distribuir a nossos alunos. O INSS e oftalmologistas voluntários examinavam
gratuitamente os alunos que nossas Comissões Municipais lhes encaminhavam. As
receitas médicas eram enviadas a Montes Claros, onde a fábrica vencedora da
concorrência produzia os óculos e os entregava nas Comissões Municipais do
MOBRAL. Com economias feitas ao longo do processo, conseguimos distribuir 107
mil óculos. Dessa forma, demos um exemplo prático de como a comunidade deveria
tratar racionalmente do problema, melhoramos o rendimento do processo de
alfabetização e ainda registramos histórias de grande valor humano.
Era comum o relato de que nossos alunos, ao
colocarem seus óculos pela primeira vez, chorassem de emoção pela nova conquista, que lhes
permitia sair de um mundo distorcido e entrar em uma realidade que descobriam linda,
até então desconhecida. Outros passavam a enxergar seus filhos e netos – tão bonitos!
– que antes eram pouco mais do que vultos enevoados.
Roberto Campos costumava dizer, desculpando a
imprevidência dos jovens, que “a experiência mostra que ninguém aprende com a
experiência alheia”. Mas graças à minha vivência nesse projeto no MOBRAL, eu
pressentia que nestas últimas semanas eu iria viver momentos de grande alegria.
Há tempos meu voleibol na praia era prejudicado por
uma intensa fotofobia, que me impedia de ver a bola contra o sol. E me
incomodava também, no tráfego, a dificuldade de ler com rapidez, especialmente
à noite, o que indicavam as placas de sinalização. Meus olhos haviam
envelhecido! Decidido, fiz a cirurgia de catarata com resultados magníficos e
ainda agora no período de recuperação já estou seguro de que minha qualidade de
vida vai dar um salto positivo.
O procedimento e os exames correspondentes foram
realizados na excelente Clínica e Cirurgia de Olhos BENCHIMOL, em Copacabana,
no Rio de Janeiro, credenciada pela UNIMED. A perícia do Dr. Sergio Benchimol,
cirurgião de ponta, de nível internacional, garantiu o sucesso da operação. As
consultas, testes e o atendimento em geral foram sempre dentro da melhor
técnica profissional.
Graças à família médica BENCHIMOL, a quem agradeço
reconhecido, estou visitando um admirável mundo novo em plena quarta idade. E
compreendendo - melhor que nunca - como
o MOBRAL, nos anos 70, acertou em cheio com sua modesta mas instrutiva campanha de óculos para seus
alunos...
Qualidade na educação não é uma receita universal de
gabinete ou nem mesmo de laboratório. É antes o produto de ações
multifacetadas, adequadas à realidade dos alunos e suas aspirações individuais.