O Irã está na moda e minhas recordações daquele país
mais vivas do que nunca...
Estive no Irã em 1976, para participar da
Conferência Internacional de Alfabetização de Persépolis, como Presidente do
MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) e representante do Governo
brasileiro. Viajei com meu Chefe de Gabinete, Marcos de Carvalho Candau, que já
tinha familiaridade com a nação persa e seu programa de alfabetização, dirigido
pela nossa
anfitriã, a Princesa Ashraf
Pahlavi, irmã gêmea do Xá Rheza Pahlavi, o supremo governante do país.
Persépolis, local do evento, é um desses cenários
mágicos de nosso planeta. Cidade monumental
da Antiguidade que Dario mandou
erigir em 515 a.C, para substituir Pasárgada como capital do Império Aquemênida,
Persépolis foi consecutivamente ampliada
por seu filho Xerxes I e seu neto Artaxerxes I. Funcionava como capital
cerimonial, para as festas do ano novo e para a prestação de contas dos
sátrapas – os Governadores das províncias anexadas à Persia, que viajavam com
delegações das nações subjugadas e homenageavam o Imperador, levando-lhe
oferendas das terras conquistadas.
Foi em um complexo de tendas luxuosas, ao lado de
Persépolis, em 1971, que se hospedaram os Chefes de Estado convidados pelo Xá para
a comemoração dos 2.500 anos da fundação do Império Persa por Ciro, o Grande.
Foi uma comemoração das mais requintadas e dispendiosas do mundo no século XX.
A impressão que o Irã de 1976 me deu foi das
melhores. O progresso material explodia por todos os lados, lastreado
principalmente nas reservas e na produção gigantesca de petróleo e seus
derivados. As reformas em curso no país focavam em maior liberdade para a
população em geral, mas principalmente para as mulheres, então relegadas a um
papel social subalterno nas sociedades predominantemente muçulmanas.
Conhecemos também Shiraz, onde a Princesa Ashraf possuía
um palácio belíssimo, no qual recebeu os participantes da Conferência para um
jantar inesquecível para pobres mortais como nós. Nessa noite a Princesa mostrou
grande deferência para com o Brasil, convidando-me a sentar junto a ela – que estava
isolada, em lugar de honra. Conversamos sobre variados assuntos a a noite fluiu
muito agradável. Marcos Candau, um diplomata nato, ficou entusiasmadíssimo com
essa demonstração de prestígio internacional do MOBRAL. Roger Garaudy, uma
celebridade, filósofo francês de origem católica, foi o único participante da
Conferência, além de mim, a ter essa conversa reservada com a anfitriã. Ele
durante a refeição e eu na sobremesa...
Essa amizade pelo Brasil, trouxe a Princesa a nosso
país em 1978.
Em 21/08/1978 recepcionei a Princesa Ashraf que visitou a sede do
MOBRAL no Rio de Janeiro e conheceu, com grande admiração, as realizações pioneiras do órgão no campo
da educação continuada, como a Alfabetização pela TV, o Programa de Autodidatismo, o
Programa de Tecnologia da Escassez e o Programa de Ação Comunitária. A foto mostra nosso reencontro à entrada da Presidência do MOBRAL, na Ladeira do Ascurra, Cosme Velho, Rio de Janeiro.
Um episódio interessante ocorreu logo à chegada de Ashraf Pahlavi, quando a apresentei à equipe de recepção, composta por um ex-Embaixador, uma ex-Embaixatriz e...uma PRINCESA! Sim, a Princesa Isabel de Orleans e Bragança, da Família Imperial brasileira, que era funcionária do MOBRAL, uma instituição em que tudo parecia acontecer na hora certa, de modo perfeito. A Princesa iraniana, visivelmente surpresa, desfez-se em gentilezas e certamente sentiu-se muito confortável com a companhia da nossa caríssima Isabel.
Em uma de minhas muitas idas a Paris precisei visitar o Escritório da Delegação do Brasil junto à UNESCO, que ficava na Rue de Miollis 1. Normalmente meu trabalho se dava na sede da instituição, na Place de Fontenoy.7. Essa ida ocasional me propiciou o contacto com uma das funcionárias da Delegação que me atendeu muito eficientemente. Era Isabel, poliglota, gentilíssima, que dominava perfeitamente as tarefas que lhe eram atribuídas. Posteriormente, quando Isabel manifestou o desejo de voltar ao Brasil, foi contratada pelo MOBRAL, ao qual prestou excelentes serviços na área de Relações Internacionais. O MOBRAL, durante minha gestão, deu assistência técnica a 23 países e Isabel foi sempre utilíssima na realização desses trabalhos.
Um episódio interessante ocorreu logo à chegada de Ashraf Pahlavi, quando a apresentei à equipe de recepção, composta por um ex-Embaixador, uma ex-Embaixatriz e...uma PRINCESA! Sim, a Princesa Isabel de Orleans e Bragança, da Família Imperial brasileira, que era funcionária do MOBRAL, uma instituição em que tudo parecia acontecer na hora certa, de modo perfeito. A Princesa iraniana, visivelmente surpresa, desfez-se em gentilezas e certamente sentiu-se muito confortável com a companhia da nossa caríssima Isabel.
Em uma de minhas muitas idas a Paris precisei visitar o Escritório da Delegação do Brasil junto à UNESCO, que ficava na Rue de Miollis 1. Normalmente meu trabalho se dava na sede da instituição, na Place de Fontenoy.7. Essa ida ocasional me propiciou o contacto com uma das funcionárias da Delegação que me atendeu muito eficientemente. Era Isabel, poliglota, gentilíssima, que dominava perfeitamente as tarefas que lhe eram atribuídas. Posteriormente, quando Isabel manifestou o desejo de voltar ao Brasil, foi contratada pelo MOBRAL, ao qual prestou excelentes serviços na área de Relações Internacionais. O MOBRAL, durante minha gestão, deu assistência técnica a 23 países e Isabel foi sempre utilíssima na realização desses trabalhos.
A visita da Princesa Ashraf foi um sucesso e uma vitória diplomática do Brasil.
Com
a Revolução dos Aiatolás, em 1979, porém, o Irã sofreu um recuo cultural sem precedentes,
mergulhando 200 anos para um passado teocrático, radical, opressivo e cruel.
O incrível é que
o Irã está atualmente na moda exatamente por ser um país “démodé”