Nos últimos tempos, cada vez com maior frequência, as redes
sociais divulgam textos de algumas “celebridades” das esquerdas tupiniquins (os “ícones” de outrora), declarando seu desgosto
profundo com o PT, já agora identificado e provado como o grande responsável pela implantação da corrupção
sistêmica que tem consumido as riquezas da nação (cacófato bem colocado)
brasileira. Alguns dos desiludidos vão muito além: em suas lamúrias atacam e
renegam não apenas o PT mas todo o
ideário esquerdista e os partidos que o defendem.
Creio que em sua maioria sejam mágoas sinceras, de pessoas honestas que não conheciam e não aceitam
os malfeitos de seus antigos ídolos, agora desmascarados.
Mas alguns deles eram subversivos e participaram da luta
armada, na qual assaltaram, sequestraram, mataram, praticaram o terrorismo cruel
e quase unanimemente silenciaram ante as muitas mentiras veiculadas contra os
governos militares nos últimos 20 anos.
Desses, seu arrependimento deve ser visto com grande reserva, pois é difícil
perdoar a brutalidade de suas ações e a cumplicidade de seu silêncio calunioso.
Certamente ocorreram excessos da repressão, pois se combatia uma “guerra suja”,
que foi uma iniciativa dos radicais de
esquerda e não dos poderes constituídos, Mas os excessos, decorrentes das
circunstâncias, foram exceções e não a regra. As nossas Forças Armadas foram
vítimas, nos últimos anos, de uma generalização mentirosa, muito típica da
desonestidade intelectual de comunistas e afins.
Pior ainda, nessa onda de arrependimento, são os muitos
carreiristas sonsos que estão entre os
que agora fazem essa falsa declaração de
“mea culpa, mea máxima culpa”. Estes, em
verdade, o que lamentam é o fato de terem perdido seus privilégios: as benesses
das Leis Rouanet e do Audiovisual (os militantes
culturais); ou as “boquinhas” das ONGs
amigas do PT (os voluntários profissionais e os invasores da propriedade alheia,
no campo e na cidade); ou ainda as polpudas verbas das Fundações ligadas a
estabelecimentos públicos de ensino com as quais eram pagos os estudos com viés
ideológico e as pesquisas com resultados pré-determinados dos militantes
acadêmicos, usando o dinheiro dos contribuintes, repassado sem licitação. E
assim por diante... Pois poucos setores escaparam à compra desse “apoio irrestrito
ao PT”. O genial Nelson Rodrigues dizia com razão que “dinheiro compra até amor
sincero”.
Essa multidão de arrependidos fez-me lembrar, por analogia, o
meu próprio passado profissional , o qual nunca reneguei.
MEUS DIAS FORAM MELHORES
Trabalhei 16 anos consecutivos nos governos militares, de
janeiro de 1965 a março de 1981, em dois órgãos federais: primeiro, durante 7
anos, como Coordenador do Setor de Educação e Mão de Obra do IPEA e
Secretário-Executivo de seu Centro Nacional de Recursos Humanos; depois, mais 9
anos no MOBRAL, sendo 2 como Secretário Executivo do Presidente Mário Henrique
Simonsen e 7 como seu sucessor na direção da instituição.
Esse ciclo profissional acabou com minha demissão do MOBRAL.
Por ordem do Ministro da Educação, que era um General, telefonou-me um
funcionário subalterno do MEC, na manhã de 31 de março de 1981, comunicando que
meu mandato de Presidente do MOBRAL acabara naquele dia e que eu não seria
reconduzido ao cargo. Demissão deselegante, totalmente fora do protocolo usual,
especialmente para um servidor que se dedicava de corpo e alma ao trabalho. O
Ministro, influenciado na minha demissão pelo Secretário Executivo do MEC, também
um Coronel, provavelmente não teria uma
justificativa razoável e sincera para minha demissão. Ou pior: simplesmente não
teria coragem suficiente para
encarar-me, para o derradeiro “tête a tête” protocolar. Daí a demissão telefônica,
deselegante ou covarde, não sei...
Esse ato de força - o tempo mostrou - não foi nada feliz e
marcou o início da decadência de um dos melhores programas dos governos
militares. Para mim foi traumático naquele momento, embora bastante conveniente
sob o ponto de vista pessoal. Eu estava cansado dos rituais do poder, tinha
perdido e continuava perdendo boas oportunidades profissionais fora do Governo, sempre mais rendosas e essa
saída foi pecuniariamente proveitosa. Mas foi
uma injustiça e um verdadeiro atentado contra a imensa família do MOBRAL,
a partir daí muito limitado em sua autonomia, subordinado ao MEC, um desses
dinossauros estatais do qual pouco se pode esperar.
O que era o MOBRAL? Eram
muitos milhares de abnegados, em todo território nacional: gente exemplar,
competente, dedicada, disposta a trabalhar, a qualquer dia e hora, para cumprir sua nobre missão, em
favor da população mais carente do Brasil.
Mesmo tendo sido vítima desse desenlace que os autores pretendiam
humilhante, perpetrado por um General e
um Coronel, jamais me ocorreu renegar minha passagem pelos Governos militares. E
quando a mídia e os meios políticos assacavam as maiores acusações contra o “regime autoritário”, criavam Comissões da Verdade (como previra George Orwell no seu livro “1984”),
propagavam a mentira, a calúnia e colocavam os militares entre os grandes vilões
da pátria, eu os defendia, dentro das minhas possibilidades, por uma questão de
justiça e por não me faltar caráter.
Meus chefes eventuais, em meu ponto de vista, cometeram um grave
erro, mas eu tenho que reconhecer e proclamar, depois do meu prolongado contato
com as nossas Forças Armadas que estas são formadas por brasileiros sérios,
honestos, patriotas, capazes de dar a vida pela integridade de nosso país. Nos
16 anos que precederam aquele desagradável 31 de março de 1981, todos os
militares com os quais lidei sempre
respeitaram minha autonomia e
independência, admitiram e até aplaudiram que eu tratasse Governadores e
Prefeitos igualmente, independente de suas cores partidárias. Jamais praticaram
a imunda politicagem. Aliás, uma das razões do sucesso do MOBRAL.
Os militares nos ajudaram sempre que necessário e nos
incentivaram a buscar novos
caminhos para promover a clientela do MOBRAL: exatamente os brasileiros mais
carentes e desprotegidos.
Os Governos militares desenvolveram nossa economia e
transformaram o até então desprezado Brasil em uma potência regional. Promoveram grandes
avanços na área social, sem demagogia e com o necessário realismo, evitando
retrocessos futuros. Na área política, infelizmente, não promoveram a renovação
dos quadros dirigentes, com a intensidade necessária. Falha totalmente
previsível para os integrantes de instituições em que a franqueza e a
sinceridade são consideradas virtudes indispensáveis, enquanto no mundo
político a ética passa bem longe delas.
Aos desiludidos do esquerdismo só posso dizer que felizmente
MEUS DIAS FORAM MELHORES! MUITO MELHORES MESMO!