Com a divulgação da Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS), coletada em 31 de dezembro de 2016, ficou caracterizada a trágica situação
do desemprego no setor formal do nosso mercado de trabalho, após vários anos de
gestão incompetente da economia brasileira.
A RAIS abrange a totalidade dos empreendimentos formais,
públicos e privados, do Brasil e mostra que nos últimos dois anos o mercado de
trabalho em nosso país sofreu a maior involução de todos os tempos.
Segundo a RAIS, havíamos atingido 48.948.000 postos de
trabalho em 2013 e chegamos a 49.572.000
trabalhadores colocados no setor formal de nossa economia em 31 de dezembro de
2014. Ao longo de 2015, porém, foram perdidas 1.511.000 vagas e caímos para
48.061.000. Durante o ano de 2016 mais
2.001.000 vínculos empregatícios foram
desfeitos, reduzindo o estoque de empregados a 46.060.000. Em dois anos,
portanto, foram queimados mais de 3,5 milhões de postos no mercado de trabalho
formal. Fechamos 2016 com menos empregos (46,1 milhões) do que tínhamos em 2011 (46,3 milhões). Em 2010 e 2011 a criação
anual de empregos esteve sempre acima de 2 milhões anuais; no biênio 2012-2013 permaneceu
acima de 1 milhão por ano, mas em 2014
foi pouco superior a 600 mil novos empregos. Em 2015 e 2016 deu-se o retrocesso
lamentável!
Em virtude da crise, também o número de estabelecimentos foi
reduzido de 8,314 milhões, em 31/12/2015, para 8,206 milhões ao final de 2016 -
portanto mais de 108 mil empresas fecharam as portas no ano passado.
A remuneração real média mensal (que não inclui o 13º. salário) era de R$
2.852, em 2016, tendo portanto retrocedido ao nível de 2013 (quando atingira R$ 2.854
mensais). Perdas relativas consideráveis!
Levaremos tempo para recuperar-nos. Em 2016, três Unidades
da Federação concentraram quase 50% das vagas destruídas: São Paulo perdeu 503
mil empregos; no Rio de Janeiro
desapareceram 289 mil postos de trabalho e em Minas Gerais 192 mil vínculos
empregatícios foram desfeitos. Somente o estoque de trabalhadores com nível de
escolaridade universitária, completa ou incompleta, teve crescimento em 2016,
além de sua remuneração situar-se bastante acima da média global (R$ 5.458
mensais). O estoque de empregados com nível médio foi o que sofreu maiores
perdas.
O ano de 2017 tem sido de recuperação lenta, gradual mas
persistente, consistente com a agenda de reformas que os setores produtivos
esperam concretizar-se, para assegurar–lhes maior segurança jurídica e confiança na retomada do
desenvolvimento nacional.
No âmbito do emprego formal , o CAGED do Ministério do Trabalho, referente a setembro de 2017, revelou
um aumento de 34.392 postos de trabalho, o acumulado do ano já atingindo
208.874 no período jan-set. Neste último mês a Indústria de Transformação
liderou a criação de empregos (+25.684), seguida de Comércio (+15.040) e de
Serviços (+3.743). Como era de esperar, pela sazonalidade, a Agropecuária
perdeu 8.372 vagas.
O Estado do Rio de Janeiro, que vive uma crise sem
precedentes, perdeu 4.769 empregos em setembro, sendo 2.926 na Capital. No ano de 2017 o Estado já
perdeu 83 mil vagas, sendo 51 mil em sua Capital.
Efetivada a Reforma Trabalhista, o quadro deverá melhorar
sensivelmente a longo prazo. No caso específico do Rio de Janeiro, iniciada sua
recuperação fiscal, as perspectivas serão bem melhores.
A PNAD Contínua do IBGE, a ser divulgada em breve, deverá corroborar
essas previsões otimistas.