quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO... NA QUARTA IDADE

Preocupação constante na direção do MOBRAL era atuar para que  se aumentasse o percentual de alfabetizados em relação ao número de alunos matriculados no início do curso. Esquadrinhávamos todos os fatores que influíam no respectivo  rendimento: formação dos alfabetizadores recrutados e seu treinamento específico pelo MOBRAL; assistência técnica continuada que lhes era  provida pelos supervisores; eventuais deficiências do material didático adotado;   ambiente físico de nossas salas e assim por diante. As características de nossos alunos - uma clientela predominantemente pobre ou mesmo miserável - eram também determinantes e buscávamos o melhor meio de atender às suas necessidades básicas, dentro de nossos recursos limitados.
Um levantamento de nossas salas de aula, que funcionavam sempre em  locais cedidos e principalmente à noite, revelou as graves deficiências de iluminação, pois nem sempre existia energia elétrica no local. Para que nossos alunos enxergassem, medida imediata foi comprar milhares de lampiões a gás para substituir lamparinas precárias, candeeiros e até velas ou tochas utilizadas nas salas de aula. O problema é que além de tudo muitos alunos portavam deficiências visuais que a pobreza não permitira corrigir até então.  Relataram-me que era usual, em certas feiras do interior, a compra, sem receita, de óculos de grau para serem  usados por aqueles que tinham dificuldades em enxergar. O interessado chegava diante daquele monte de óculos, ia colocando-os no rosto e afinal escolhia o que melhor lhe aprouvesse. Era o Brasil carente...  Ironicamente igual ao Brasil rico e jovem de hoje, que displicentemente compra  óculos de grau dessa mesma forma aleatória, em lojas “high tech” dos shoppings da moda...
Fomos mais conservadores: pesquisamos o mercado, fizemos uma licitação e contratamos a compra de 100 mil óculos de grau para distribuir a nossos alunos. O INSS e oftalmologistas voluntários examinavam gratuitamente os alunos que nossas Comissões Municipais lhes encaminhavam. As receitas médicas eram enviadas a Montes Claros, onde a fábrica vencedora da concorrência produzia os óculos e os entregava nas Comissões Municipais do MOBRAL. Com economias feitas ao longo do processo, conseguimos distribuir 107 mil óculos. Dessa forma, demos um exemplo prático de como a comunidade deveria tratar racionalmente do problema, melhoramos o rendimento do processo de alfabetização e ainda registramos histórias de grande valor humano.  
Era comum o relato de que nossos alunos, ao colocarem seus óculos pela primeira vez, chorassem  de emoção pela nova conquista, que lhes permitia sair de um mundo distorcido e entrar em uma realidade que descobriam linda, até então desconhecida. Outros passavam a enxergar seus filhos e netos – tão bonitos! – que antes eram pouco mais do que vultos enevoados.
Roberto Campos costumava dizer, desculpando a imprevidência dos jovens, que “a experiência mostra que ninguém aprende com a experiência alheia”. Mas graças à minha vivência nesse projeto no MOBRAL, eu pressentia que nestas últimas semanas eu iria viver momentos de grande alegria.
Há tempos meu voleibol na praia era prejudicado por uma intensa fotofobia, que me impedia de ver a bola contra o sol. E me incomodava também, no tráfego, a dificuldade de ler com rapidez, especialmente à noite, o que indicavam as placas de sinalização. Meus olhos haviam envelhecido! Decidido, fiz a cirurgia de catarata com resultados magníficos e ainda agora no período de recuperação já estou seguro de que minha qualidade de vida vai dar um salto positivo.
O procedimento e os exames correspondentes foram realizados na excelente Clínica e Cirurgia de Olhos BENCHIMOL, em Copacabana, no Rio de Janeiro, credenciada pela UNIMED. A perícia do Dr. Sergio Benchimol, cirurgião de ponta, de nível internacional, garantiu o sucesso da operação. As consultas, testes e o atendimento em geral foram sempre dentro da melhor técnica profissional.
Graças à família médica BENCHIMOL, a quem agradeço reconhecido, estou visitando um admirável mundo novo em plena quarta idade. E compreendendo - melhor que nunca  - como o MOBRAL, nos anos 70, acertou em cheio com sua modesta  mas instrutiva campanha de óculos para seus alunos...

Qualidade na educação não é uma receita universal de gabinete ou nem mesmo de laboratório. É antes o produto de ações multifacetadas, adequadas à realidade dos alunos e suas aspirações individuais.

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...