VOLEIBOL NA NEVE
Logo ao acordar, na quarta-feira de Cinzas, a primeira
alegria: na TV, Giba e Emanuel jogavam
voleibol na neve, em uma exibição exitosa da FIVB _ Federação Internacional de
Voleibol, visando a inclusão desse esporte na Olimpíada de Inverno de 2026. Na
tela, vi o campeão olímpico Emanuel, meu companheiro de Conselho Consultivo na
Federação de Volley-ball do Rio de Janeiro, mergulhar para defender, no piso
branquinho e gelado de PyeongChang, a ideia brilhante de ampliar os horizontes
do esporte da rede. E que possibilitará, ao Brasil tropical, tornar-se
rapidamente competitivo em pelo menos um esporte das Olimpíadas de Inverno. Vantagem de ter na Presidência da
FIVB o brasileiro Ary Graça, um ex-jogador do meu tempo, com larga experiência
e uma visão prospectiva correta do voleibol como esporte global.
Ao longo de 70 anos como
praticante, joguei voleibol de todos os
modos e jeitos possíveis: no cimento,
seco e molhado; no piso de madeira corrida ou de tacos; na areia, na terra e na lama;
com rede, corda ou barbante; com bola de borracha, de couro ou de plástico; com
juiz e auxiliares ou sem arbitragem; chovendo, ventando ou com tempo bom e sol
escaldante. Mas na neve? Pena! Nunca joguei! Só que agora tomo para mim esse desafio: jogar na neve.
Detesto frio e mesmo assim essa meta é irrecusável.
Mas será que vai dar tempo? Se o manguito não falhar... haverei
de chegar lá! Não sei onde nem quando,
mas estarei lá!
BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS É CAMPEÃ!
À tarde, outra alegria! Beija-Flor de Nilópolis vence o
Carnaval, representando em seu desfile
tudo que nós cariocas já não aguentávamos mais: corrupção desenfreada, deboche
com nosso dinheiro, falta de oportunidades para os mais pobres, serviços
públicos lastimáveis.
Sempre gostei de Carnaval, desde a infância, mas não tinha
uma Escola de preferência. Até que em 1973, quando eu era Secretário-Executivo do
MOBRAL e o Presidente era Mário Henrique Simonsen , chegou para minha decisão o pedido de uma agremiação
carnavalesca da Baixada – a Beija-Flor
de Nilópolis: ajuda para seu desfile no 2º. Grupo, no qual apresentaria o enredo “EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO” , do
jornalista Barroso, embalado pelo samba “Exaltação ao MOBRAL”. Minha decisão
foi imediata, é claro, atendendo positivamente ao pleito. O marketing das
Escolas de Samba atingia exatamente o público que interessava ao MOBRAL e o
investimento, modesto, traria resultados mais do que certos. No dia do desfile,
na Avenida Presidente Antonio Carlos, no Centro do Rio, Marisa e eu fomos
até lá, para assistir nossa afilhada. Empoleirados em uma grade de um Posto de
gasolina do Touring Club, do qual eu era sócio, vibramos ao ouvir o samba, de
autoria de Cesar Roberto Neves e Darvin que acabava assim:
Uni – duni - tê/ Olha o ABC/Graças ao Mobral/Todos aprendem
a ler
Minha expectativa de resultados foi amplamente superada: a
Beija-Flor foi a segunda colocada e subiu para o 1º. Grupo, para a elite do
Carnaval carioca. O Enredo do Jornalista Manuel Antonio Barroso, Cesar e Darvin
me fez um torcedor eterno da Escola nilopolitana.
Após um Carnaval carioca ambíguo, com sucesso no turismo e na
animação popular, mas no qual a ordem pública foi fortemente abalada, tivemos
enfim um refrigério.