terça-feira, 10 de maio de 2016

PELA DESBUROCRATIZAÇÃO IMEDIATA

Nestes tempos de RECONSTRUÇÃO há algumas ideias do passado que ainda podem ser muito úteis ao nosso país e devem ser revisitadas.
A DESBUROCRATIZAÇÃO é uma dessas  ações mágicas: descomplica e poupa tempo; reduz custos e incertezas  e atrai investidores, os quais,  normalmente dotados de grande objetividade, têm particular aversão – pela ordem - ao risco e à burocracia. E como a maior necessidade do Brasil, a partir de agora, é receber novos investimentos, afugentados pela desconfiança e a incerteza, as quais geram risco incalculável e consequentemente  insuportável, vale a pena DESBUROCRATIZAR.
Não é de estranhar que após tantos anos de supremacia de dirigentes esquerdistas, ferrenhos defensores da estatização, da tutela governamental sobre todas as atividades, da fiscalização esterilizante, haja muito o que desburocratizar em nosso país. Há várias causas para a burocratização, todas elas presentes em nosso país, em maior ou menor grau, mas o viés ideológico é extremamente importante.
O empreguismo no setor público é uma dessas pragas que dentre outros grandes males – como o déficit fiscal - gera também burocracia. Funções, instâncias, formulários e reuniões perfeitamente inúteis são criados e tornados rotineiros para justificar a existência de funcionários igualmente desnecessários. Quando há um  visível excesso de funcionários em alguma repartição, a própria necessidade de sobrevivência ocupacional dos excedentes cria aquelas atividades burocráticas que geralmente vão ampliar a “via crucis” dos pobres contribuintes que se dirigem ao governo espontânea ou coercitivamente. Quando se sabe, agora, que há 490 mil servidores estaduais no Rio de Janeiro inadimplente, sendo quase 350 mil funcionários na ativa, cabe perguntar onde se escondem tantos deles, invisíveis funcionalmente, já que sobram miríades de  tarefas irrealizadas no território fluminense. Ainda pior: a máquina estadual, embora repleta de funcionários improdutivos, ainda delega muitas de suas atividades a ONGs, OSCIPs, OS (há muita criatividade na criação desses apêndices lucrativos da atividade governamental), as quais remunera generosamente, como se seus  quadros próprios estivessem assoberbados e não pudessem dar conta de suas incumbências.
Outra causa do excesso de burocracia é econômica. Faz-se burocracia para gerar emprego  e renda para certas castas profissionais privilegiadas. Os cartórios são exemplos clássicos. Exigências diversas como o reconhecimento de firmas, a autenticação de documentos, a existência de algumas certidões  são geralmente inócuas mas revelam-se verdadeiras minas de ouro. E  há outros espécimes igualmente férteis e totalmente discutíveis como a vistoria de veículos e prédios, algumas licenças esdrúxulas como as das quadras de voleibol de praia etc que criam pagamentos às  Prefeituras e Governos Estaduais - cujo custo de arrecadação às vezes supera a respectiva receita.
Uma boa desculpa utilizada para burocratizar é a salvaguarda contra a fraude, a corrupção e similares e a escalada que se segue à descoberta de que os cuidados até então vigentes não impediram, aqui e ali, a prática delituosa. Em face dessa descoberta, cria-se uma  ou mais “barreiras à infração” e assim se vai adiante, progressivamente, inventando cada vez mais entraves burocráticos e ocupando mais funcionários. Geralmente não se consegue sucesso nessa empreitada de prevenir infrações, como se pode depreender do panorama nacional, maculado pela corrupção em doses descomunais, posta a descoberto nos últimos tempos.

Outra grande vantagem da DESBUROCRATIZAÇÃO, estratégica nesta conjuntura de crise, é seu custo modesto. Mas os benefícios que a redução da burocracia pode criar, em certos casos, são ponderáveis e sobretudo resultam em clima propício ao investimento e ao empreendedorismo.

Helio Beltrão foi o campeão da ideia de desburocratizar nos anos 60 e 70. Era um homem público inteligente, extremamente simpático, de bem com a vida, seresteiro tocador de violão, de uma família de políticos da classe média da Tijuca. Tive o prazer de trabalhar no IPEA quando ele foi Ministro do Planejamento. Em meu benefício, aliás, Helio Beltrão transformou o Setor de Educação e Mão de Obra do IPEA, que eu coordenava, em CENTRO NACIONAL DE RECURSOS HUMANOS (CNRH) e me nomeou Secretário Executivo do novo órgão.
Beltrão, com sua sensibilidade de político, percebeu que eu estava recebendo alguns convites para trabalhar no exterior e seduziu-me com a criação do novo órgão.
Pena que o Brasil não deu continuidade às ideias de desburocratização de Beltrão, o que mostra a força dessa verdadeira praga que parece seduzir nosso “establishment”. Beltrão era respeitado e influente. Foi o civil que mais vezes ocupou o cargo de Ministro nos governos militares: Planejamento, Desburocratização, Previdência, além de ter sido Presidente da PETROBRAS. Ainda assim pouco conseguiu em sua cruzada contra a burocracia.
Agora, porém, com a escassez de recursos financeiros e a necessidade de apresentar resultados rapidamente, o novo Governo pode tirar grande proveito da ação desburocratizante.


VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...