terça-feira, 19 de junho de 2018

A GRANDE DESCONSTRUÇÃO


Nos últimos tempos, cada vez com maior frequência, as redes sociais divulgam textos de algumas “celebridades” das esquerdas tupiniquins  (os “ícones” de outrora), declarando seu desgosto profundo com o PT, já agora identificado e provado  como o grande responsável pela implantação da corrupção sistêmica que tem consumido as riquezas da nação (cacófato bem colocado) brasileira. Alguns dos desiludidos vão muito além: em suas lamúrias atacam e renegam  não apenas o PT mas todo o ideário esquerdista e os partidos que o defendem.
Creio que em sua maioria sejam mágoas sinceras,  de pessoas honestas que não conheciam e não aceitam os malfeitos de seus antigos ídolos, agora desmascarados.
Mas alguns deles eram subversivos e participaram da luta armada, na qual assaltaram, sequestraram, mataram, praticaram o terrorismo cruel e quase unanimemente silenciaram ante as muitas mentiras veiculadas contra os governos  militares nos últimos 20 anos. Desses, seu arrependimento deve ser visto com grande reserva, pois é difícil perdoar a brutalidade de suas ações e a cumplicidade de seu silêncio calunioso. Certamente ocorreram excessos da repressão, pois se combatia uma “guerra suja”, que foi uma  iniciativa dos radicais de esquerda e não dos poderes constituídos, Mas os excessos, decorrentes das circunstâncias, foram exceções e não a regra. As nossas Forças Armadas foram vítimas, nos últimos anos, de uma generalização mentirosa, muito típica da desonestidade intelectual de comunistas e afins.
Pior ainda, nessa onda de arrependimento, são os muitos carreiristas sonsos que  estão entre os que agora fazem essa falsa  declaração de “mea culpa, mea  máxima culpa”. Estes,   em verdade, o que lamentam é o fato de terem perdido seus privilégios: as benesses das Leis Rouanet  e do Audiovisual (os militantes culturais); ou  as “boquinhas” das ONGs amigas do PT (os voluntários profissionais e os invasores da propriedade alheia, no campo e na cidade); ou ainda as polpudas verbas das Fundações ligadas a estabelecimentos públicos de ensino com as quais eram pagos os estudos com viés ideológico e as pesquisas com resultados pré-determinados dos militantes acadêmicos, usando o dinheiro dos contribuintes, repassado sem licitação. E assim por diante... Pois poucos setores escaparam à compra desse “apoio irrestrito ao PT”. O genial Nelson Rodrigues dizia com razão que “dinheiro compra até amor sincero”.
Essa multidão de arrependidos fez-me lembrar, por analogia, o meu próprio passado profissional , o qual nunca reneguei.

MEUS DIAS FORAM MELHORES
Trabalhei 16 anos consecutivos nos governos militares, de janeiro de 1965 a março de 1981, em dois órgãos federais: primeiro, durante 7 anos, como Coordenador do Setor de Educação e Mão de Obra do IPEA e Secretário-Executivo de seu Centro Nacional de Recursos Humanos; depois, mais 9 anos no MOBRAL, sendo 2 como Secretário Executivo do Presidente Mário Henrique Simonsen e 7 como seu sucessor na direção da instituição.
Esse ciclo profissional acabou com minha demissão do MOBRAL. Por ordem do Ministro da Educação, que era um General, telefonou-me um funcionário subalterno do MEC, na manhã de 31 de março de 1981, comunicando que meu mandato de Presidente do MOBRAL acabara naquele dia e que eu não seria reconduzido ao cargo. Demissão deselegante, totalmente fora do protocolo usual, especialmente para um servidor que se dedicava de corpo e alma ao trabalho. O Ministro, influenciado na minha demissão pelo Secretário Executivo do MEC, também um Coronel, provavelmente não teria  uma justificativa razoável  e sincera para  minha demissão. Ou pior: simplesmente não teria  coragem suficiente para encarar-me, para o derradeiro “tête a tête” protocolar. Daí a demissão telefônica, deselegante ou covarde, não sei...
Esse ato de força - o tempo mostrou - não foi nada feliz e marcou o início da decadência de um dos melhores programas dos governos militares. Para mim foi traumático naquele momento, embora bastante conveniente sob o ponto de vista pessoal. Eu estava cansado dos rituais do poder, tinha perdido e continuava perdendo boas oportunidades profissionais  fora do Governo, sempre mais rendosas e essa saída foi pecuniariamente proveitosa. Mas foi  uma injustiça e um verdadeiro atentado contra a imensa família do MOBRAL, a partir daí muito limitado em sua autonomia, subordinado ao MEC, um desses dinossauros estatais do qual pouco se pode esperar.
O que era o MOBRAL?  Eram muitos milhares de abnegados, em todo território nacional: gente exemplar, competente, dedicada, disposta a trabalhar, a qualquer  dia e hora, para cumprir sua nobre missão, em favor da população mais carente do Brasil.
Mesmo tendo sido vítima desse desenlace que os autores pretendiam humilhante, perpetrado por um General  e um Coronel, jamais me ocorreu renegar minha passagem pelos Governos militares. E quando a mídia e os meios políticos assacavam as maiores acusações  contra o “regime autoritário”, criavam Comissões da Verdade  (como previra George Orwell no seu livro “1984”), propagavam a mentira, a calúnia e colocavam os militares entre os grandes vilões da pátria, eu os defendia, dentro das minhas possibilidades, por uma questão de justiça e por não me faltar caráter.
Meus chefes eventuais, em meu ponto de vista, cometeram um grave erro, mas eu tenho que reconhecer e proclamar, depois do meu prolongado contato com as nossas Forças Armadas que estas são formadas por brasileiros sérios, honestos, patriotas, capazes de dar a vida pela integridade de nosso país. Nos 16 anos que precederam aquele desagradável 31 de março de 1981, todos os militares com os quais  lidei sempre respeitaram minha autonomia  e independência, admitiram e até aplaudiram que eu tratasse Governadores e Prefeitos igualmente, independente de suas cores partidárias. Jamais praticaram a imunda politicagem. Aliás, uma das razões do sucesso do MOBRAL.
Os militares nos ajudaram sempre que necessário e  nos  incentivaram  a buscar novos caminhos para promover a clientela do MOBRAL: exatamente os brasileiros mais carentes e desprotegidos.
Os Governos militares desenvolveram nossa economia e transformaram o até então desprezado Brasil  em uma potência regional. Promoveram grandes avanços na área social, sem demagogia e com o necessário realismo, evitando retrocessos futuros. Na área política, infelizmente, não promoveram a renovação dos quadros dirigentes, com a intensidade necessária. Falha totalmente previsível para os integrantes de instituições em que a franqueza e a sinceridade são consideradas virtudes indispensáveis, enquanto no mundo político a ética passa bem longe delas.
Aos desiludidos do esquerdismo só posso dizer que felizmente MEUS DIAS FORAM MELHORES! MUITO MELHORES MESMO!

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...