Praticante de esportes desde a infância, sou um apaixonado óbvio pelos magníficos
eventos que o Rio de Janeiro sediará em agosto e setembro de 2016.
Quis o destino que eu não tivesse o prazer de jogar nas
Olimpíadas. Meu esporte, o voleibol, começou a figurar nos Jogos em 1964, em
Tóquio, por força da pressão exercida
pelos japoneses, praticantes altamente qualificados na modalidade. Naquela
altura, embora ainda estivesse tecnicamente apto a fazer parte da seleção
nacional, eu já tinha um firme compromisso profissional, inibidor de maiores
voos esportivos. Eu era um amador puro e o voleibol, para mim, apenas uma fonte
de lazer, ao contrário de suas características atuais. Havia ainda um outro
fator, de considerável importância: durante cinco anos fui autor de uma coluna
semanal, aos domingos – sobre voleibol – no CORREIO DA MANHÃ, um importante jornal
carioca, com cobertura nacional. Minha vocação para o exercício sincero e
transparente da verdade, infelizmente,
prejudicava minha posição no voleibol, por colidir com os interesses de seus
dirigentes. Vai daí...
O maior evento multidesportivo e multinacional de que
participei foi o Pan-Americano de Chicago, em 1959. Uma experiência inesquecível, enriquecedora
da biografia de seus participantes. Nem me refiro à medalha de prata que
conquistei pela seleção brasileira de voleibol, uma honra vitalícia. Agradeço
eternamente pela simples participação, pela possibilidade de conviver, ainda
jovem, com pessoas de inúmeros países e conhecer um pouco de suas culturas, o
que me preparou para experiências futuras, nas inúmeras Conferências, Seminários e trabalhos de que participei,
representando o Governo do Brasil, o IPEA e o MOBRAL ou como Consultor da OEA, da UNESCO e da OIT.
Em Chicago tive ainda a honra de cumprimentar o grande homenageado do evento:
Jesse Owens, o maior atleta do século XX, que deu uma grande lição a Hitler,
anestesiado em sua ilusão de superioridade racial dos arianos. Por outro lado,
sofri com o assassinato do remador brasileiro Ronaldo Arantes, encontrado morto
a tiros em um parque próximo à nossa concentração na Universidade de Chicago e
até hoje envolto em mistério.
Quando dirigi o MOBRAL,
incentivei um de meus mais
talentosos colegas de trabalho - o
saudoso Sergio Marinho Barbosa – a escrever uma obra sobre as Olimpíadas para
nosso Programa Cultural, no âmbito do projeto de publicações para consolidar o
hábito da leitura de alunos, ex-alunos e participantes em geral. A decisão derivou do engajamento do MOBRAL no
movimento mundial “ESPORTE PARA TODOS” e da percepção da importância social,
política e cultural das Olimpíadas. Resultou dessa iniciativa uma trilogia de
excelente qualidade, cobrindo os períodos 1896-1912 (O MAIOR ATLETA DO MUNDO),
1920-1936 (O PULO DO GATO) e 1948-1956 (UM ROSTO EM AGONIA). Os três livros
foram muito procurados nos 3.150 Postos Culturais do MOBRAL e apreciados pela
clareza de sua redação e graças ao interesse do tema.
Em 2000, com Marisa e nossas filhas, tive o privilégio de conhecer Olímpia, o berço dos Jogos. Nosso navio ancorou no porto grego de
Katakolon e após uma perigosa viagem de
taxi, dirigido (???) por Andreas – um grego muito apressado – chegamos ilesos. Valeu o risco! Estar ali, naquele lugar
sagrado, onde nasceu uma das mais nobres e motivadoras atividades humanas, tão
importante na minha formação, foi uma emoção ímpar. Amplificada pela
beleza e magnificência daquele sítio
icônico, que marca um dos maiores e mais importantes passos na evolução da Humanidade. O museu vizinho,
que guarda parte das peças de Olímpia, como os frontões de alguns edifícios e
certas estátuas, tem uma beleza insuperável e um significado histórico
incomensurável. Ao ver o que restou do atelier de Fídias, o maior escultor
grego, que se deslocava para Olímpia à época dos Jogos, para produzir as
magníficas estátuas dos grandes atletas, ampliou-se minha percepção do
significado do magno evento.
Agora, como carioca, sinto-me um participante ativo das Olimpíadas, apenas por
estar aqui. Orgulhoso por essa conquista do Rio de Janeiro, cujo alcance muitas
pessoas parecem (ou fingem) ignorar. E
ajudarei em tudo que puder, recebendo bem os turistas, mantendo nossa cidade acolhedora.
Esse é o dever dos bons brasileiros.
O sucesso nas Olimpíadas pode mudar para melhor nossa Cidade
querida!