domingo, 27 de dezembro de 2015

FIM DE(AS) FESTA(S)

O clima é dos piores. As notícias ruins, para o Brasil e seu povo, não param de chegar: inflação perto de 11%, PIB com retração de quase 4%, dólar nas alturas, déficit recorde nas contas públicas, reservas e nota da dívida em queda, lama no rio Doce, dengue, chikungunia e zica em todo país, microcefalia idem e Lava-Jato, Zelotes e Acrônimo, muita corrupção - “como nunca antes, na história deste país”. Faltam tornozeleiras!
Mas em janeiro talvez tenhamos a divulgação de uma nova estatística, demolidora: desemprego de 10%, 10 milhões de desocupados. Neste dezembro, nossa economia vai perder de 600 a 700 mil  empregos com carteira assinada. Assim, considerado todo 2015, o Brasil terá destruído de  1,6 milhão a 1,7 milhão de postos formais de trabalho, já que até o fim de novembro fechamos 945.363 vagas, de acordo com informações do Ministério do Trabalho (CAGED). Em novembro, foram cortados 130.629 postos  e o número de trabalhadores com carteira assinada atingiu 40,26 milhões; há um ano, este número estava em 41,78 milhões de pessoas - perda recorde. Nem FHC conseguiu desempregar tanta gente.
Excetuando a BALANÇA COMERCIAL, com saldo positivo de US$ 15 bilhões, graças ao resistente agronegócio (sempre acossado pelo MST, o exército do Lula), nada funcionou em 2015. Os serviços públicos são exemplares: a saúde é uma espécie de câmara de torturas; a educação básica é o cadafalso dos talentos nascidos nos lares pobres; a segurança é uma roleta russa com 5 balas. Os servidores públicos estaduais e municipais estão deixando de receber seus salários. Fornecedores, falindo.
Não tem outro jeito Dona Dilma: primeiro faça as pazes com o PMDB e adote as políticas do documento “Ponte para o Futuro”; depois, coloque um computador com tela bem grande, em que caiba o Delfim Neto, na casa do próprio, já com SKYPE instalado e em linha direta e permanente com um PC no gabinete do seu Ministro do Planejamento, para que este esclareça suas muitas dúvidas, sempre que deseje. E mande que seu auxiliar obedeça cegamente às ordens. Delfim é espaçoso, talvez um pouco incômodo, mas é o único amigo competente do Lula e  tem a malandragem necessária para nos tirar desse buraco. Mesmo que isso custe uma gorda consultoria, tipo salário de Ministro do STF. Mas nesse caso até que vale a pena!

É A HORA DE PEDIR SOCORRO AOS TECNOCRATAS QUE AINDA ESTÃO VIVOS! ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS!

sábado, 12 de dezembro de 2015

NO TEMPO DOS TECNOCRATAS

Há muitos anos que a palavra “TECNOCRATA” não circula nas rádios e televisões, nos jornais e revistas de nosso país. Talvez alguns leitores mais jovens nem saibam do que se trata...
Pois era assim que a mídia se referia aos técnicos que ocupavam cargos importantes  e tinham poder decisório, o que era muito comum no tempo dos governos militares. É claro que muitos postos de relevo eram ocupados por políticos ou por técnicos que eles indicavam e sobre os quais os referidos ”padrinhos” exerciam grande influência. Mas havia certo equilíbrio com as indicações feitas em função do saber requerido para o exercício profissional específico.
Eu era um daqueles seres, ora extintos... Tecnocrata!
...............................................................................................................................................
Um dia qualquer de janeiro de 1965, Mario Henrique Simonsen, que era sócio da empresa (CONSULTEC) em que eu começara como estagiário e já então trabalhava como engenheiro-economista,  perguntou-me se eu gostaria de ir para o Ministério do Planejamento, onde o Ministro Roberto Campos estava criando o EPEA (hoje IPEA).  Eu seria encarregado de organizar o Setor de Desenvolvimento Social  da instituição que surgiria com o objetivo de elaborar um Plano Decenal para o Brasil.  Eu tinha 27 anos - era uma oportunidade ímpar.
Perguntei como surgira o convite e Simonsen me explicou: Roberto Campos havia lido um artigo da revista APEC (Análise e Perspectiva Econômica) que apontava a necessidade de o Brasil ter um programa de Educação nos moldes do Plano Regional Mediterrâneo da OECD, baseado nas demandas de mão de obra dos países a que se aplicava. Como o artigo  não era assinado, Campos perguntou a Victor Silva (que dirigira a APEC e era Diretor do Brasil no BID) quem fora seu autor.  Eu tinha escrito a matéria.  Daí o convite, usando meu “amigão” Simonsen, o que o tornava irresistível.
Roberto Campos também  era sócio da CONSULTEC  quando fui estagiar lá, no início de 1960. Sabia que eu tinha elaborado três projetos educacionais para o Estado da Guanabara no Governo Carlos Lacerda: os Memoriais de Pedido de Financiamento para Ampliação das Escolas Primárias e para a Construção de Ginásios Industriais assim como para a Implantação da Escola de Desenho Industrial – ESDI. Realizações que me credenciaram a ser convidado, posteriormente, a realizar um estudo encomendado pela Universidade de Harvard à CONSULTEC, através do seu Professor Lincoln Gordon, que era coincidentemente o Embaixador dos Estados Unidos no Brasil. A monografia em foco, intitulada “EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL”,  muito elogiada por Lincoln Gordon, foi publicada pela Livraria COSMOS-CONSULTEC,  em outubro de 1963, constando de  2 volumes, com 468 folhas. Um detalhe importante: minha monografia substituía um trabalho que deveria ser feito pelo Prof. Roberto Campos, impossibilitado de elaborá-lo por força de ter assumido o posto de Embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Aceitei o convite trazido por Simonsen e assim iniciei uma fase de minha vida profissional dedicada à educação que durou 16 anos. Logo de início, no IPEA, coordenei a elaboração do Diagnóstico da Educação Brasileira e depois do Plano Decenal de Educação e Mão de Obra do Governo Castello Branco, ainda na gestão do Ministro Roberto Campos. Trabalhava de 12 a 14 horas por dia, exceção feita aos tempos de lazer para jogar voleibol pelo time principal do Fluminense ou com meus amigos na praia de Ipanema, nos fins de semana.
Assim eram escolhidos aqueles que a partir de  um  certo momento dos Governos militares  a mídia passou a denominar de tecnocratas, sempre com uma conotação pejorativa, associando-os a  um posicionamento rígido, pouco político, como se ignorassem as dimensões humanas dos problemas, privilegiando aspectos meramente técnicos. A mídia aproveitava-se do fato de que eram esses técnicos que assumiam os ônus das medidas necessárias ao desenvolvimento brasileiro mas que eram impopulares. Como é o caso, atualmente, do ajuste fiscal, do corte de programas sociais...
O “tecnocrata maior” – segundo a imprensa oposicionista – era Roberto Campos , que certa vez, irritado, definiu o termo afirmando  - com muita razão - que “tecnocrata é um técnico do qual não gostamos”.
Esta semana, matéria do “VALOR ECONÔMICO” revelou-nos que desde 2013 os técnicos do Tesouro Nacional alertavam seus superiores sobre as “pedaladas fiscais” do Governo Dilma e o perigo de que essas práticas irresponsáveis causassem o rebaixamento da nota do Brasil nas agências internacionais. Um dos superiores desses abnegados, em reunião sobre o assunto, disse-lhes que o poder de decidir pertencia a quem tinha voto e que nenhum dos presentes  tinha  sido eleito. Os técnicos não têm força nem prestígio nos governos populistas, despreparados e levianos.

Vocês sabem como são escolhidos atualmente os gestores da administração pública no Brasil? São todos indicados pelos políticos, que têm o monopólio das decisões no país, o poder quase absoluto. Será que está dando certo? O caos que tomou conta de nosso país não sugere mudança radical?  Não deveria haver certo equilíbrio entre as duas opções - a técnica e a política? A alternativa técnica não caberia em certos postos críticos, que envolvem grande responsabilidade financeira ou questões de segurança, afetando milhares e até milhões de pessoas?

Hoje já não se fala (mal) dos tecnocratas, “faute de combattants”! Mas é certo que muitos de seus substitutos, indicados pelos políticos e obedientes, fornecem vasta e atraente matéria para os espaços e tempos da mídia tupiniquim com forte tropismo para o escândalo.

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...