segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

PESSIMISMO MAL EMPREGADO


A OIT – Organização Internacional do Trabalho, agência especializada da ONU,  acaba de juntar-se aos muitos analistas que acreditam no aumento do desemprego no Brasil em 2017, a níveis que podem chegar a 14% e que afirmam que só em 2018 haverá melhoria da situação.
Tratei do assunto no blog de 5 de outubro de 2016, intitulado “O DRAMA DO DESEMPREGO NO BRASIL”. Não acredito nessa quase unanimidade pessimista e mantenho minha posição: o desemprego no Brasil não ultrapassará a casa dos 12% e ainda em 2017 começaremos a recuperar os postos de trabalho perdidos no Governo Dilma. O CAGED de dezembro de 2016 ainda mostrará a perda de centenas de milhares de empregos com carteira assinada – como sempre acontece no mês de dezembro - mas em 2017 começarão a aparecer os saldos positivos.
Alguns resultados recentes são encorajadores: sucesso da operação contra a corrupção, saldo positivo recorde da balança de pagamentos, queda da inflação, possibilitando a redução dos juros e início vitorioso do ciclo de reformas de que o Brasil necessita, nos campos fiscal, previdenciário, trabalhista, tributário e político.
Sintomas discretos dessa reação já estar próxima são perceptíveis: 1. Número elevado de ofertas de estágios neste início de ano; 2. Contratações crescentes pelo agronegócio em empregos de boa qualidade; 3. Reação de certos setores industriais, inclusive recuperando mercado externo; 4.Restabelecimento gradual da confiança na economia, demonstrado pelo ingresso de capitais estrangeiros no  Brasil; 5. Retomada de alguns investimentos da PETROBRAS.
Quando estudei na Escola Nacional de Engenharia, com os Professores Kafuri e Pardal, a Estatística era uma ciência exata. Hoje, quando observamos o panorama brasileiro, temos que reconhecer que a Estatística virou uma ciência social, uma arma política disfarçada!
No Brasil as estatísticas têm até partido! Daí os erros clamorosos nas pesquisas pré-eleitorais, as interpretações esdrúxulas de algumas séries históricas, o lançamento de novos conceitos discutíveis.
Nos  meus tempos de adolescência e juventude, as pesquisas do IBOPE nas eleições, comandadas pelo velho Montenegro,  eram infalíveis. A tecnologia da informação evoluiu explosivamente – facilitando o trabalho estatístico - mas os erros de previsão eleitoral se agigantaram.
Na área pública abundam séries históricas com valores coletados utilizando critérios heterogêneos, invalidando as comparações temporais e prejudicando a construção de políticas adequadas.  Fica cada vez mais nítido que há órgãos dominados pela ideologia ou pelo partidarismo e é bom que o atual Governo saiba que essas instituições não estão do seu lado. Muito pelo contrário!
O IBGE, ao divulgar a PNAD Contínua do trimestre passado,  tornou público um conceito totalmente “revolucionário” mas que não se sustenta tecnicamente: pesquisou o número de brasileiros que trabalham mas que  gostariam de trabalhar mais e ganhar mais, somados a brasileiros que gostariam de trabalhar mas não estão procurando trabalho. Este último conceito, do desalento, seria defensável se o IBGE já o divulgasse anteriormente, possibilitando comparações históricas. Por exemplo,  com os dados dos Governos Lula e Dilma. Mas divulgá-lo agora, isoladamente, indica uma vontade inequívoca de piorar o quadro descritivo do desemprego no país. Quanto ao outro – percentual de brasileiros já trabalhando  mas que  gostariam de trabalhar mais e ganhar mais – chega a ser anedótico. Obviamente, não há quem não queira ganhar mais! Pelo menos eu não conheço... Mas o IBGE do E...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A IMPOPULARIDADE NECESSÁRIA

O Presidente Michel Temer aceita a impopularidade como parte de sua missão. Excelente decisão para a nação! Compreende que o Brasil terá de viver um período de profundas mudanças e que reformar é contrariar interesses, anular privilégios, gerar incertezas, além de enfrentar cotidianamente uma oposição predatória, principalmente dos  populistas que afundaram o país na crise em que vivemos e que fingem nada ter com o caos do presente.
Estadistas trabalham no longo prazo, nos objetivos permanentes da nação e confiam pacientemente no julgamento da história.
Tive a honra e o prazer de trabalhar com um dos políticos brasileiros  mais impopulares  de todos os tempos: Roberto Campos. O Ministro Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Geral do Governo Castello Branco sofreu um massacre quase diário da mídia desde as primeiras reformas, em 1964, até o fim do Governo Castello Branco, em 15 de março de 1967. Dizem que havia um controle rígido de censura sobre a imprensa  mas – se havia (???) - Campos não teve essa proteção. E nunca a pediu, aliás.
Quando ocorreu a Revolução de 31 de Março de 1964 eu era um jovem engenheiro e trabalhava na CONSULTEC, onde entrara como estagiário em 1960, formado no que havia de melhor na educação brasileira da época. Estava prestes a pedir uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, em Harvard, por indicação de alguns dos sócios da empresa.  Eu não estava nada satisfeito com os rumos políticos do Brasil e preferia prolongar minha formação acadêmica. O pleito de bolsa em Harvard tinha grande chance de ser atendido, pois eu contava com o apoio de Lincoln Gordon, um “scholar” da Universidade. Com a Revolução e a mudança radical da vida nacional, preferi ficar no novo Brasil que então despontava. E não me arrependi.
Em 1965 fui trabalhar no Governo, depois que me convenci que o país entrava em um período de profundas e imprescindíveis reformas, exatamente comandadas por um de meus antigos chefes na CONSULTEC: Roberto Campos.
Fui um dos fundadores do IPEA, encarregado pelo Ministro Campos de criar e coordenar o Setor de Desenvolvimento Social do novo órgão, encarregado de “pensar o Brasil”, como dizia seu primeiro dirigente de fato, Victor da Silva, posteriormente Diretor brasileiro do BID.
Com o apoio irrestrito do Presidente Castello Branco, um grande estadista, Campos foi responsável principal pelas profundas reformas empreendidas pelo Governo Revolucionário. FGTS, BNH, Mercado Financeiro, Reforma Agrária, Planejamento de Longo Prazo (IPEA), Política Salarial, Correção Monetária, Controle da Inflação e muitas outras realizações frutificaram sob a coordenação de Roberto Campos, o qual foi o “bode expiatório” de todos os ressentidos com o Governo e passou a ostentar o título de "o mais impopular dos Ministros". Gozado que alguns setores empresariais – salvos pela Revolução da expropriação que tanto temiam e a que estavam ameaçados pelo Governo João Goulart – lideravam essa multidão de críticos. O espirituoso Glycon de Paiva, com muita inspiração, denominava-os de “híbridos roedores: coelhos pelo medo e ratos pela voracidade”.
Roberto Campos não temia a impopularidade e parecia até cultivá-la em certos momentos. Eu mesmo, ao receber suas ordens para estudar a cobrança de anuidades de alunos ricos que frequentavam as Universidades Federais, ponderei sobre o impacto político da medida que, aliás, era justíssima em um país com milhões de estudantes pobres, alijados do ensino superior por falta de recursos. Mas Campos não fazia por menos e me disse: esta é uma medida impopular mas necessária...Era seu lema!

Hoje, considera-se Roberto Campos como uma das grandes figuras públicas de nosso tempo. É um bom exemplo a ser seguido!

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...