terça-feira, 25 de dezembro de 2018

SOS SISTEMA S!

A equipe econômica do Presidente Bolsonaro tem uma difícil missão pela frente: a necessidade urgente de fazer um ajuste fiscal de grandes proporções exige a fixação criteriosa de prioridades e esta pressupõe a elaboração expedita de diagnósticos precisos. Estudos desse teor, porém, geralmente são incompatíveis com a urgência que se requer agora. Erros podem ser cometidos se não houver extrema cautela.
Trabalhei no Ministério do Planejamento de janeiro de 1965 até 1972 e constatei uma grande dificuldade nos primeiros tempos da instituição: havia um vazio quase total de informação e quadros técnicos muito deficientes no serviço público. Nessa situação, consertar o  avião em pleno voo é sempre penoso e perigoso. Foi por esse motivo, aliás, que o Ministro Roberto Campos logo de início deslanchou uma abrangente Reforma Administrativa do Governo Federal e no caso de seu Ministério o dividiu, após um ano, em dois grandes núcleos: o Gabinete do Ministro, para cuidar dos problemas urgentes, de curto prazo, "apagar incêndios" e tocar o dia a dia; e o IPEA (então EPEA), surgido em 1965 para pensar o futuro, fazer estudos e pesquisas e não ser atropelado pelas crises cotidianas. Funcionou muito bem.
Claro que foi muito difícil, também, porque em 1964 não havia equipe de transição como agora: os  que estavam anteriormente no poder sumiram todos.
Apesar daqueles muitos fatores impeditivos da construção de um planejamento criterioso, de longo prazo, como desejava o Ministro Roberto Campos, o IPEA se saiu bem. Trabalhando intensamente, elaboramos os Diagnósticos Setoriais e a seguir o Plano Decenal do Governo Castello Branco - nada fácil! Foi quando enfrentei a época de minha vida profissional mais árdua, sistematicamente levando tarefas para casa e dedicando 10 a 12 horas diárias ao trabalho. Folga... só para jogar o Campeonato Carioca de Voleibol da 1a. Divisão pelo Fluminense!!!
A futura equipe econômica não terá a mesma dificuldade: alguns de seus seus antecessores no Governo Temer já fizeram um bom trabalho, após o tsunami de incompetência e irracionalidade herdado do Governo Dilma. E muitos desses craques continuarão na equipe de Paulo Guedes.
De qualquer modo a tarefa é gigantesca e exige cautela redobrada.
Ao assistir as colocações de Paulo Guedes sobre os cortes no Sistema S  lembrei daquele período, logo após a Revolução de 31 de março de 1964 e senti a necessidade de uma reflexão a respeito.
Não é a primeira vez, aliás, que o Sistema S se sente ameaçado por alguma autoridade importante.
A diferença é que das outras vezes havia um componente ideológico claro: a não aceitação de que a iniciativa privada gozasse de autonomia para gerir verbas que lhe chegavam compulsoriamente por força de uma legislação federal. Os inconformados eram os esquerdistas e os estatizantes. Eu estava no IPEA quando o Ministro do Trabalho, Coronel Jarbas Gonçalves Passarinho - da ala estatizante do Exército - ensaiou movimento nesse sentido. Inclusive ajudei na reação a essa pretensão e o Sistema S saiu incólume da investida.
Agora é um liberal - Paulo Guedes - que considera excessiva a taxação do trabalho no Brasil, dificultando o aumento do emprego formal e tende a optar pela redução de parte dos R$ 18,6 bilhões anuais  carreados do setor produtivo para o Sistema S, para obter, também, uma ponderável contribuição ao ajuste fiscal que tem em mente. Voz de muita credibilidade técnica, merece respeito...
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O segmento do Sistema S que atua na área social e cultural tem sofrido críticas pesadas e robustas pela realização de alguns investimentos injustificáveis em marketing e pelas obras suntuárias e atividades elitistas, pouco adequadas à maior parte do que deveria ser a sua clientela prioritária.
Outra verdade evidente é que no caso do Rio de Janeiro a FECOMERCIO está sendo acusada, com provas irrefutáveis, de ter praticado corrupção em grande escala, durante muitos anos, sob o olhar complacente da Confederação Nacional do Comércio. Episódios como esse enfraqueceram o Sistema S como um todo, o qual administra - sob confiança e com liberdade plena - o dinheiro suado do trabalhador brasileiro. Paulo Guedes mira, é claro, os recursos destinados a esse gasto perdulário.
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O outro segmento do Sistema S, que atua na qualificação de recursos humanos "lato sensu", provavelmente será poupado do corte - mas ainda assim deve sofrer algumas modificações.
Sou do tempo em que os cursos de SENAI e SENAC eram gratuitos. E assim deveriam ter continuado. Primeiro, pelo fato de receberem recursos compulsoriamente, atribuídos por uma legislação imposta pelo poder público; e depois por atenderem a trabalhadores de cuja qualificação vai depender exatamente a melhoria da produtividade de seus setores econômicos.
Afora essa tremenda contradição da cobrança por seus cursos, há alguns pecadilhos conjunturais, menos imperdoáveis, ocasionados talvez pela necessidade incômoda de conviver com os governos populistas de esquerda Sua contribuição para a economia de nosso país, porém, é inegável e sua performance, em geral, bastante superior aos diversos ramos e modalidades de nossa deficiente educação pública.
 Para chegar facilmente a essa conclusão basta comparar os excelentes resultados que os alunos do Sistema S conseguem na competição mundial denominada WORLD SKILLS com a pífia figura dos estudantes brasileiros de educação geral no teste PISA da OCDE. Na WORLD SKILLS os brasileiros conquistam muitas medalhas de ouro, prata e bronze, além de diplomas de excelência: é o Sistema S, granjeando grande prestígio internacional. No teste PISA, ao contrário, ficamos sempre nos últimos lugares na comparação com os demais países participantes, nossa educação sendo estigmatizada, ao nível mundial, como de má qualidade.
Quando do último "apagão de mão de obra" sofrido pelo país, foi o Sistema S que manteve a formação de trabalhadores qualificados necessários para evitar um colapso do parque produtivo. Os cursos do Ministério do Trabalho e do MEC revelaram sua precariedade.
A equipe de Paulo Guedes, ao examinar o custo-benefício das opções disponíveis para a qualificação profissional no Brasil, vai tomar a decisão mais adequada.


domingo, 9 de dezembro de 2018

EL CID DE PIERRE CORNEILLE


 Todo vencedor de grandes batalhas deveria ter ao seu lado, sempre, um assessor (ou empregado ou escravo) para cochichar ao seu ouvido, várias vezes ao dia, a célebre frase de Corneille, no seu Cid: “ton bras est invaincu mais non pas invincible”.
Bolsonaro ganhou uma eleição impossível e se “está se achando” por causa dessa vitória, o desastre não tardará a chegar... Capitão: os invictos não são invencíveis! Ouça Corneille, antes que seja tarde!
Napoleão quis vencer o Marechal Inverno e foi soterrado pela nevasca russa. Hitler quis suplantar Napoleão, abriu a segunda frente e se afogou na mesma neve do “Pequeno Corso”.
Nos dois últimos dias Bolsonaro – campeão das redes sociais - está levando uma surra da grande mídia que não o perdoa por tê-la vencido nas eleições presidenciais e por saber que suas combalidas finanças não mais terão o dinheiro fácil dos bancos oficiais, o que significa falência à vista, fim dos salários nababescos, Lei Rouanet só para quem está começando e assim por diante!
Surra imerecida, por algo totalmente irrelevante, de um incerto malfeito de um assessor do filho na Assembleia de Todos os Pecados do RJ que movimentou 1 milhão no Estado em que o Governador roubou 1 bilhão e ninguém desconfiou durante décadas!
Bolsonaro precisa, URGENTE, de um Setor ou Secretaria ou Ministério da COMUNICAÇÃO SOCIAL para não ter que se expor a idas e vindas incômodas. Aprenda Capitão: à mulher de César não basta ser honesta; precisa parecer honesta!
Bolsonaro e sua turma, recém-chegados ao poder, têm muito a aprender com a Revolução de 31 de Março de 1964, em que encontramos o Brasil tão destruído quanto está agora, após estes últimos  14 anos dos insaciáveis e incompetentes gafanhotos petistas e 8 anos de FHC - o Kerensky tupiniquim, social-democrata de punhos de renda e ”boca de galocha” que propiciou a subida de Lula ao poder.
Roberto Campos, assim que assumiu o cargo de Ministro Extraordinário do Planejamento e Coordenação Geral, nomeado pelo Estadista e Presidente Marechal Humberto de Alencar Castello Branco (eleito pelo Congresso), tratou de contratar um time de jornalistas de alto nível: Oliveira Bastos, Wilson Figueiredo, o casal Gurjan etc etc. Foi assim que enfrentou as críticas diárias dos interesses contrariados, estampadas em todos os jornais e venceu o duelo de debates contra Carlos Lacerda (até então invicto, Presidente Bolsonaro – aprenda!).
Mas a grande mensagem para nosso valoroso futuro Presidente vem da criação da AERP e da notável passagem do militar Otávio Costa pela chefia dessa importante instituição. O coronel Otávio Costa foi um craque da Comunicação Social, feita em alto nível, sem mentiras e subterfúgios. Pena que não mais esteja aqui para ensinar ao nosso Capitão! Bolsonaro tem que encontrar alguém desse calibre!
Ainda há tempo, Presidente, para se salvar da competência sem ética da mídia selvagem.
TON BRAS EST INVAINCU MAIS NON PAS INVINCIBLE

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...