terça-feira, 30 de abril de 2019

OS KAMIKASES DA INFORMAÇÃO



Quando dirigi o Centro Nacional de Recursos Humanos do IPEA, um dos nossos estagiários era Roberto Gursching, posteriormente meu assessor no MOBRAL. Roberto, muito competente, tinha como uma de suas características um nível sempre atualizado e elevado de conhecimento dos acontecimentos nacionais mais importantes. Quando perguntávamos a origem de suas informações, respondia com simplicidade que lia três ou quatro jornais diariamente. Hoje, se vivesse, Roberto certamente teria adicionado às suas fontes os noticiários das TVs, mas seu grau de informação estaria totalmente prejudicado: a grande mídia está irritando a opinião pública brasileira, pela sua trajetória suicida, de oposição radical ao Governo Bolsonaro, levada a um extremo tal que a meia-verdade e a interpretação facciosa dos atos, fatos e pronunciamentos oficiais se tornaram práticas usuais dos seus noticiários e comentários, frequentemente distorcidos.
Todos os dias a grande mídia divulga crises imaginárias, que desaparecem de suas manchetes em dois ou três dias, desde que haja uma nova “crise” disponível para seus noticiários. Nestes, tornou-se comum que o âncora, no decorrer do jornal, tenha que desmentir notícia ou versão apresentada minutos antes. Isso ocorre quando autoridades ou seus prepostos, vigilantes, assistiram ao conteúdo incorreto em tempo real e se comunicaram com a redação pedindo (ou exigindo, de acordo com a gravidade do erro) a retificação do relato. Mas quando isso não acontece? Ficamos com a desinformação e ponto final? Imagino que o Palácio do Planalto tenha uma numerosa equipe de olho nos noticiários e sempre pronta para desmenti-los, tamanha a frequência dos equívocos.
Agora mesmo temos um exemplo em evidência, no setor educacional, que sob nova direção busca caminhos diferentes dos praticados nos últimos anos, nos quais o Brasil gastou mais e mais recursos financeiros sem que os resultados pedagógicos esperados fossem alcançados.
MEC ADOTA PRIORIDADES CORRETAS
O MEC, muito acertadamente, está corrigindo distorções notórias do ensino superior brasileiro, resultantes de uma visão ideológica, irresponsável e inaceitável,  dos Governos anteriores, que seguiam orientação típica da esquerda radical.
Ao anunciar que serão retirados os incentivos existentes para as escolas de filosofia, sociologia e similares, o MEC, muito acertadamente, está fechando as fábricas de desempregados potenciais existentes no ensino superior brasileiro. Essas escolas de Humanidades são em verdade “desumanas”, formando mão de obra barata, profissionais que não têm colocação no mercado de trabalho decente e que serão presas fáceis para o subemprego, aceitando inclusive posições de militância mal remuneradas nos partidos políticos esquerdistas.
Trata-se de uma constatação histórica: após o Governo de Jango Goulart , o quadro de matrículas encontrado pelas autoridades educacionais do Governo da Revolução de 31 de março de 1964 foi semelhante. À página 160 do II Volume do Diagnóstico de Educação, elaborado pelo IPEA  em setembro de 1966, comentando a distribuição de matrículas do nosso ensino superior, afirmava-se: “À luz dos números....., nota-se que cerca de metade do efetivo discente universitário concentra-se nos estudos de direito e ciências sociais, denotando um estágio estrutural ainda incompatível com as necessidades de desenvolvimento econômico, o qual demanda forte base tecnológica.”
Tratava-se de uma das malditas heranças do governo de Jango, que ia buscar nas deficientes escolas de filosofia e direito, depósitos de estudantes profissionais, seus seguidores bem doutrinados, que futuramente seriam os soldados da luta armada, em favor da implantação, no Brasil, de uma ditadura do tipo cubana, genocida e impiedosa. É claro que isso tinha que mudar e assim foi, ainda no Governo Castello Branco...
No momento, após as gestões de FHC, Lula e Dilma, as estatísticas disponíveis no Censo do INEP para 2017 indicam conclusão idêntica à daquele diagnóstico, passados  53 anos: 40% das matrículas (mais de 3,2 milhões de alunos) estão nos cursos de ciências sociais, direito, humanidades e artes e as escolas de formação de professores compreendem 19% das matrículas (1,6 milhão de alunos). Enquanto isso, só 3% (240 mil) estudam Agronomia e Veterinária, apenas 6% (466 mil) estão nas áreas científicas  e 15% nas Engenharias (1,2 milhão). É claro que devemos mudar esse quadro totalmente equivocado, de modo a favorecer o desenvolvimento nacional, mas a mídia conseguiu descobrir “especialistas” em educação que criticaram, ao vivo e a cores, as novas prioridades do MEC.
Não posso deixar de elogiar a “capacidade de convencimento” da produção desses programas que conseguem recrutar esses tais “especialistas”, com coragem suficiente para submeter-se ao ridículo de defender o indefensável para o grande público.
O fato é que nossa grande mídia perde cada vez mais credibilidade: caem suas audiências, o número de leitores e ouvintes. E o fim se aproxima, como resultado dessa cruzada suicida. O jeito é buscar alternativas, enquanto ainda existem. E assistir a "O Brasil Visto de Cima" ou "Essa é Minha Família", no ótimo canal MAIS GLOBOSAT; ou recorrer ao TRAVEL, viajando pelo mundo...etc
A propósito, vi recentemente, no excelente canal da Smithsonian, um documentário sobre a batalha de Okinawa, a mais sangrenta da Guerra do Japão. Impressionou-me, sobretudo, o fato de que 300 aviões japoneses foram atirados por seus pilotos – os kamikazes - contra os navios da esquadra americana, no desespero da derrota iminente que, afinal, aconteceu.
Nossa grande mídia comporta-se atualmente como os kamikazes de Okinawa, com uma diferença fundamental: os pilotos japoneses tentavam evitar uma derrota que poderia e iria ocorrer; a nossa mídia tenta evitar uma derrota que já ocorreu...

quinta-feira, 11 de abril de 2019

ASSALTEI A EDUCAÇÃO BRASILEIRA!


Abraham Weintraub, nomeado Ministro da Educação pelo Presidente Bolsonaro, faz jus ao nome: está sendo mais pisoteado pelos corporativistas da pedagogia que uva no lagar... Em alemão, weintraub significa exatamente “uva de vinho”. Muito apropriado, portanto! E tomara que dê bom caldo!
O episódio me faz recordar que há alguns anos recebi um pedido de entrevista de uma pesquisadora da UNICAMP sobre o trabalho que realizei durante os 7 anos de atuação no IPEA, inicialmente como Coordenador do Setor de Educação e Mão de Obra e depois como Secretário Executivo do Centro Nacional de Recursos Humanos (CNRH). Naquele período, de janeiro de 1965 a janeiro de 1972, meus comandados e eu publicamos 140 trabalhos sobre educação, treinamento profissional, emprego, migrações, esporte, TV educativa e assistência técnica internacional. Além disso, a partir de certo momento, assumimos algumas tarefas executivas, implantando o Programa Especial de Bolsas de Estudo para filhos de trabalhadores sindicalizados (PEBE) e o protótipo de Agência Pública de Emprego no ABC para o Ministério do Trabalho. No MEC, participamos da criação e implantação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do PREMEN, além de representarmos o Ministério do Planejamento no Conselho Federal de Educação (CFE).
O trabalho realizado por mim e minha equipe  no IPEA parece ter tido méritos. Nesse período fui convidado e dei consultoria internacional à UNESCO, OIT e OEA; fui eleito e reeleito (6 anos) Conselheiro do Instituto Internacional de Planejamento da Educação (IIPE) da UNESCO, em Paris; fui investido de mandato de 4 anos como membro do Conselho de Supervisão do Instituto de Educação da UNESCO, em Hamburgo.
Meses após a entrevista com a douta pesquisadora da UNICAMP  fui surpreendido com a divulgação de artigo em que ela denunciava “o assalto à educação brasileira pelos economistas”. Era uma crítica ao protagonismo, na nossa  educação, de profissionais de várias formações acadêmicas, mas principalmente dos diplomados em Economia. Em outras palavras, a sapientíssima pesquisadora só aceitava que cargos de importância no setor educacional brasileiro fossem ocupados por professores,  pedagogos e afins.
E eu, coitado, mesmo sendo engenheiro, fui arrolado entre os “assaltantes”... Kkkk
Essa implicância da doutora da UNICAMP, focada nominalmente  nos economistas, devia-se ao fato de que a maioria dos “intrusos” tinha essa formação acadêmica, o que era natural pois essa contribuição intelectual dos “intrusos” deu-se principalmente naquilo que se convencionou chamar de “economia da educação”. O fenômeno era internacional.  Tratava-se de  uma contribuição valiosíssima a um setor que ignorava a importância das estatísticas, tinha aversão aos aspectos financeiros das atividades  de ensino, não via importância nas relações entre educação e força de trabalho, ignorava o que era “trabalhar por projeto” e assim por diante. Gary Becker, Prêmio Nobel, exatamente por sua contribuição à área social, também nos honrava com sua companhia no mencionado  “assalto”.
À época da entrevista, estávamos em plena vigência dos Governos do PT, financiando com verbas robustas todos estudos, teses e pesquisas que engrossassem a “caça acadêmica às bruxas dos Governos militares”. Bruxas, no caso, eram as muitas realizações da Revolução de 31 de março de 1964 em favor do desenvolvimento nacional que as esquerdas  queriam fazer desaparecer da História, reescrevendo-a a seu modo.
O Ministro Weintraub certamente está sendo nomeado para dar um choque de gestão no MEC, cuja característica nos governos petistas sempre foi a incompetência, o dispêndio desenfreado  em projetos e atividades sem avaliação, implementados muitas vezes por ONGs desqualificadas – para dizer o mínimo. Governos que elevaram desmesuradamente os gastos públicos em educação, ao nível dos países desenvolvidos (em termos de percentagens do PIB), sem que houvesse qualquer ganho em qualidade. Os resultados de nossos alunos (de 15 anos) no teste PISA, da OECD, sistematicamente envergonham nosso país.
Educadores que reivindicam o monopólio do poder na Educação brasileira para seus pares, demonstram com clareza exatamente o maior de seus muitos defeitos: a rejeição à multidisciplinaridade. Sem a qual nossa Educação jamais sairá das humilhantes posições nos rankings de qualidade do ensino  em nível mundial.
Weintraub, como qualquer Ministro, não precisa dominar toda gama de conhecimentos teoricamente desejáveis para o correto exercício de sua missão. Basta saber eleger as prioridades corretas e compor uma equipe com o naipe adequado de talentos, motivá-la e dar-lhe liberdade para implementar  projetos e atividades realmente  relevantes.
Essa crítica corporativista exacerbada, à nomeação de Abraham Weintraub,  é parte da campanha sistemática de oposição a qualquer ação do Governo Bolsonaro. É o choro dos derrotados. A confirmação cabal de que é preciso mudar quase tudo em nossa educação.


segunda-feira, 8 de abril de 2019

PESQUISAS PODEM AFASTAR INVESTIDORES


Pesquisas de opinião pública, mesmo fajutas,  podem ter consequências gravíssimas e SEMPRE EXIGEM CAUTELA!
Contam as redes sociais que o Presidente Bolsonaro deu uma boa gargalhada ao receber o resultado de uma pesquisa recente que ressaltava  sua baixa popularidade. O Presidente tem suas razões para rir, é claro:
1.       os Institutos que realizam essas avaliações já não merecem crédito da opinião pública esclarecida que vive no Brasil e está informada  de sua performance mais recente, segundo a qual – só para dar os exemplos exageradamente marcantes - Dilma, César Maia e outros menos votados seriam Senadores na atual legislatura e corruptos nitidamente execrados pelo povo seriam eleitos Governadores;
2.       esses órgãos de investigação têm especial predileção pelos resultados negativos atribuídos ao Presidente Bolsonaro  o  qual, há menos de 1 ano, perderia a eleição até para um corrupto encarcerado e no segundo turno não venceria nem postes emudecidos;
3.       a popularidade não é objetivo visado pelo Presidente, disposto a fazer Reformas que desagradarão a muitos setores influentes de nossa sociedade; seu objetivo é retirar o Brasil do caos em que 22 anos de Governos esquerdistas o mergulharam, por força de sua incompetência marcante e corrupção desenfreada. Logo, para ele... às favas com a popularidade!
De todo modo, o Presidente deve ter cautela, pois embora tenha vencido a eleição com certa folga, não se pode ignorar que as pesquisas com resultados errados durante a campanha  certamente lhe tiraram muitos votos. Pena que o TSE não dê, aos equívocos flagrantes das pesquisas eleitorais, o tratamento adequado que consistiria na suspensão desses Institutos por deficiência técnica e seu impedimento de continuar a operar nas eleições seguintes.

MAS HÁ ALGO MAIS GRAVE, MERECENDO PREOCUPAÇÃO E PROVIDÊNCIAS :
A mídia que encomenda  e divulga amplamente essas discutíveis  pesquisas, ressaltando a  baixa popularidade presidencial,  tem  ramificações internacionais.
Seu objetivo, provavelmente, é amedrontar e inibir o ingresso no país de potenciais investidores do exterior, que não conhecem os vícios da velha política brasileira.
Isso é muito grave e merece atenção, investigação e apuração dos órgãos responsáveis. Creio que o reflexo dessa prática afeta de tal modo a nossa economia que até o CADE deve ser envolvido na responsabilização de eventuais fraudadores. Afinal, há alguns setores em que os oligopólios são praticados impunemente no Brasil, com lucros fabulosos e visível prejuízo para nossa população. E quem sabe se eles não estão conspirando para evitar a concorrência, sempre desejável e purificadora? Matéria para investigação do CADE!

sexta-feira, 5 de abril de 2019

IPEA VOLTA À CENA


Fiquei satisfeito quando soube que Carlos von Doellinger iria dirigir o IPEA. Ele conheceu a instituição em seus tempos áureos e pode fazê-la retomar o rumo correto.
Eu já trabalhava há alguns anos na instituição e dirigia o CNRH (Centro Nacional de Recursos Humanos) quando  ele começou no IPEA, em 1968. Não tivemos muito contato pessoal mas sempre guardei boa impressão de seus trabalhos.
Li sua entrevista a um jornal  especializado em economia e verifiquei seu desejo – legítimo – de que o IPEA volte a ser um “think tank”, capaz de rever políticas públicas e formulá-las de modo estratégico e inovador. Era assim o IPEA do meu tempo, criado pelo talento de Roberto Campos e reunindo um grupo de técnicos extremamente motivados e competentes.
Fiquei 7 anos no IPEA, de janeiro de 1965 a janeiro de 1972. O setor que eu dirigi publicou 140 trabalhos nesse período e jornadas de 12 e até 14 horas diárias faziam parte de meu cotidiano. A exceção de lazer era  feita somente aos jogos de voleibol pelo Fluminense, no Campeonato Carioca de Primeira Divisão (até 1970) e às manhãs de sábado e domingo, para as duplas na praia de Ipanema. E -  é claro – ao convívio familiar.
No IPEA formei uma equipe de jovens idealistas que me seguiram quando fui dirigir o MOBRAL, a convite de meu amigo Mário Henrique Simonsen. A orientação que dei ao MOBRAL  - como o primeiro órgão educacional visando desenvolver a educação continuada de jovens e adultos - foi toda herdada de minha experiência teórica no IPEA, quando tive a oportunidade de conviver com inúmeros técnicos estrangeiros ( da UNESCO, OIT, USAID, OECD, OEA etc), conhecer exemplos no exterior e assim por diante.
As ideias de von Doellinger são boas e o Governo Bolsonaro tem os fundamentos básicos necessários para um desempenho excelente.
Sonho ao ver que o meu IPEA volta à cena. Para brilhar! Como nos bons tempos. Sem preconceitos, aceitando ideias divergentes e fazendo a síntese pragmática do que interessa ao Brasil e seu povo.

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...