sábado, 30 de setembro de 2017

“ESPECIALISTAS” EM MERCADO DE TRABALHO CADA VEZ MAIS SURPRESOS!

O CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de agosto de 2017 trouxe novamente boas notícias, conforme prevíamos: pelo quinto mês consecutivo houve aumento do emprego com carteira assinada. Foram 35.457 novos postos de trabalho, criados principalmente em serviços (23,3 mil empregos) e na indústria de transformação (12,8 mil vagas), como também aconteceu em  julho. Este último resultado  faz antever  uma excelente perspectiva para os próximos três meses ( setembro, outubro e novembro) pois o reemprego na indústria se propaga posteriormente ao comércio e serviços. Dezembro, ao contrário, é sempre o mês das demissões maciças... Por outro lado, a perda de 12.412 postos na agricultura em agosto é normal, recorrente e sazonal.
O CAGED permite concluir que no total do ano de 2017 o Brasil já criou 163.417 novas vagas formais, um resultado que confirma a recuperação gradual do mercado de trabalho e o progresso do emprego decente, de boa qualidade. Um refrigério depois da calamitosa crise do mercado de trabalho causada pelo descalabro do governo anterior.
O resultado do CAGED seria ainda melhor  caso as economias do Estado do Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco  não estivessem destruindo empregos formais maciçamente.  No acumulado de 2017 o Estado do Rio de Janeiro  fechou 78.175 postos de trabalho, Alagoas perdeu 33.507 vagas e Pernambuco 24.594. Se não existisse o peso morto dessas três Unidades da Federação, a economia brasileira já teria criado 300 mil empregos formais ao longo de 2017! Aliás, correlações muito elucidativas podem ser feitas entre a situação do emprego formal nesses três Estados e a gestão dos respectivos governos.
Por outro lado, os resultados da PNAD CONTÍNUA do IBGE, estimativa amostral  para o trimestre junho-julho-agosto de 2017, confirmaram a recuperação do emprego no Brasil. A taxa de desocupação que era de 13,7% no trimestre jan-fev-mar de 2017 e atingia 14,2 milhões de trabalhadores caiu para 12,6%  e 13,1 milhões de desocupados no trimestre jun-jul-ago de 2017. Entre esses períodos a população ocupada passou de 88,9 milhões de pessoas para 91,1 milhões, aumentando portanto em quase 2.200.000 postos de trabalho, o que é marca a ser festejada. Cresceu  a força de trabalho do país (de 103,1 para 104,2 milhões) e em paralelo a massa de rendimento real do trabalho de R$ 186 bilhões para R$ 187 bilhões. A economia, portanto, está conseguindo prover a absorção adequada dos que chegam à idade de trabalhar.
Infelizmente, o IBGE, em sua análise sempre deficiente, amplamente divulgada, prefere enfatizar o crescimento da informalidade, transição natural para a posterior ocupação decente, nas saídas das grandes crises do mercado de trabalho. E a crise criada por Lula e Dilma conseguiu até superar o desastre do emprego no governo de FHC – o que não é pouca coisa!

Com a Reforma Trabalhista, a entrar em vigor em novembro de 2017, o reemprego tomará novo impulso e a recuperação acelerar-se-á, ao contrário das expectativas pessimistas dos denominados “especialistas tupiniquins em mercado de trabalho” e dos técnicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Decepção para mim, que já fui consultor da OIT, nos bons tempos do CINTEFOR. Aliás, uma boa iniciativa para as Universidades brasileiras seria tratar da formação de pós-graduados em mercado de trabalho, uma deficiência notória de nossos quadros profissionais.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

MAIS PRIVATIZAÇÃO = MENOS CORRUPÇÃO

Almoçávamos no restaurante do Jockey Clube, no Centro do Rio de Janeiro. Estávamos no final de 1984. De repente, Antonio Carlos Magalhães veio até nossa mesa e disse sorridente:   “Roberto, você vai votar no perdedor! Eu estou com o vencedor e vou ser Ministro... daqueles bem gastadores!” Roberto Campos era Senador e iria votar na eleição indireta para a Presidência da República em janeiro de 1985. Sua preferência era conhecida, obedecia à fidelidade partidária, mas desagradava  a alguns de seus amigos mais próximos pelo fato de pesarem, sobre seu candidato, fortes acusações de corrupção. Questionei-o sobre sua escolha e Campos  respondeu-me que muito pelo contrário, seu voto, caso vitorioso, reduziria dramaticamente a corrupção no Brasil. E explicava: seu candidato, homem da iniciativa privada modernizante, prometera a seus eleitores potenciais que iria reduzir drasticamente a participação do Estado em vários setores da nossa economia. Na opinião de Roberto Campos essa decisão acarretaria um choque ético pois ele acreditava que “a corrupção só existe quando o Governo está presente e a privatização é um caminho seguro para reduzi-la”. Daí sua escolha, naquele momento de transição política, que abriria uma nova era na vida nacional.
O anúncio das inúmeras privatizações previstas pelo Governo Temer, embora extremamente positivo,  despertou as críticas esperadas e de motivações óbvias: críticas oportunistas, daqueles que pegam carona na impopularidade do Presidente para faturar politicamente; críticas ideológicas, da mesma turma que já nos anos 50 gritava “o petróleo é nosso!”, um slogan vazio mas de vendagem fácil; e críticas fisiológicas diversas. São, por exemplo, os lamentos de funcionários públicos que querem defender seu emprego e as benesses que as tetas estatais lhes propiciam, nem sempre legitimamente, mas invariavelmente  com o dinheiro do contribuinte indefeso, espoliado. Assim como as críticas das ONGs e blogs que se sustentam com as doações fáceis, ocultas ou dissimuladas, daqueles empreendimentos públicos falidos.
Os nacionalistas do “petróleo é nosso” foram ironicamente sinceros no uso do possessivo: a PETROBRAS, com petróleo, refinarias, navios, plataformas e tudo mais  foi deles, realmente, nos últimos anos, durante os quais a dirigiram e lhe roubaram  e deixaram roubar fortunas incalculáveis.
A PETROBRAS, que Roberto Campos chamava de PETROSSAURO, é o atestado mais eloquente de que a privatização é um instrumento depurador. Na empresa pública, ao contrário do que ocorre na iniciativa privada, a má gestão não é punida pelo mercado e pode fabricar prejuízos estratosféricos.
Meu posicionamento político atual é similar ao do mestre Roberto Campos, ao decidir votar em Paulo Maluf, na transição dos governos militares para a normalidade democrática. Apesar das restrições éticas, o Presidente Temer, reformista e corajoso, marca mais um tento e se credencia ao reconhecimento da História ao reduzir o tamanho deste gigante oligóide: o Estado brasileiro

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...