sábado, 23 de dezembro de 2017

EDUCAÇÃO GERMINATIVA

Anos 50. Rio de Janeiro. E a rapaziada que queria estudar Engenharia se perguntava: ITA ou Nacional? Nacional ou ITA? Eram as duas escolas de ponta, com vestibulares duríssimos, que exigiam muito estudo, associado a uma capacidade intelectual pelo menos  razoável.
A Nacional era a Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, situada no Largo de São Francisco, no Rio de Janeiro. Onde eu, carioca eterno e vitalício, estudei.
O ITA era o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos, São Paulo. Muitos estudantes brilhantes de todo Brasil deixavam o conforto de seus lares para cursar o ITA, pela qualidade do ensino que ali era ministrado. O CTA (Centro Técnico de Aeronáutica), hoje DCTA, foi agregando recursos humanos de alto nível e graças a isso  o Brasil partiu para voos muito altos.
Quando a BOEING, em uma visível homenagem à tecnologia brasileira, cogita algum tipo de acordo com a EMBRAER, nosso país ganha em prestígio, sua imagem internacional melhora, até a mídia sempre causticante tem que comemorar. Oportuno, ótimo.
Mas é totalmente estranho que os analistas não ressaltem o papel do ITA nesse grande cometimento brasileiro: a EMBRAER. Em última análise, o sucesso da EMBRAER é o resultado de um investimento sábio na criação e manutenção do ITA, na transformação de São José dos Campos em um Centro de Excelência..
Oportunidade para mostrar o poder transformador e germinativo da educação de qualidade, capaz de milagres até no desiludido Brasil!

Assim como o sucesso brasileiro no agronegócio guarda um vínculo indestrutível com o trabalho da EMBRAPA, o ITA honrou a vocação de Santos Dumont e explica a EMBRAER, que nos deu asas vencedoras.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

IEMANJÁ FEZ O MILAGRE DO RÉVEILLON GLOBAL DO RIO DE JANEIRO

A tolerância religiosa é um precioso bem a preservar em nosso país. O Estado laico tem dado animadoras provas de robustez no Brasil.
Em 28 de dezembro de 2009, quando eu ainda mantinha o blog  do site arlindolopescorrea.blogspot.com  escrevi um texto com minhas reminiscências do bairro de Ipanema, onde nasci. Intitulado “RÉVEILLON DO MEIO AMBIENTE EM 2010” o blog era assim:

"FELIZ 2010! – 31 de dezembro, final dos anos 40, praia de Ipanema. No início eram poucos e chegavam de longe – dos subúrbios e da Baixada Fluminense, de onde houvesse um terreiro de Candomblé ou um Centro de Umbanda. Vinham de branco, em grupos, contritos e tímidos, um pouco temerosos, talvez. Afinal, a maioria esmagadora das famílias cariocas professava o Catolicismo e o temor de alguma incompreensão justificava-se. Mas eram acolhidos em paz por Ipanema, um espaço da Cidade caracterizado pela tolerância. Eram pobres, mas vinham para uma grande noite e traziam muitos brilhos, enfeites, oferendas, flores, imagens, miniaturas de barcos. À tarde já os víamos por lá, em grande faina, montando os ambientes para o culto, de formas e disposições diversas, mas sempre de frente para os domínios de Iemanjá e a África ancestral. Quanto a nós... Bem, parecia combinado, mas não era... Por volta das 10 ou 11 horas da noite os garotos da Montenegro, da Visconde de Pirajá e das outras ruas, já liberados pelos pais da ceia familiar de praxe, corriam em bandos para aquelas areias muito brancas, das quais conheciam todos os mistérios. E percorriam a orla para lá e para cá, à busca de novidades. Ouvíamos as rezas, as evoluções, os cânticos, víamos os “passes” das Mães de Santo e até nos surpreendíamos com alguns “transes” mais fortes. Com o passar dos anos, curiosos, os adultos saíram de suas poltronas e sofás, começaram a seguir-nos e gostaram! O pretexto era “tomar a fresca”, aproveitar a brisa generosa no auge do verão carioca e ver aquela manifestação religiosa cercada de mistério. Alguns de nossos pais, mais entusiasmados, soltavam fogos na chegada da meia-noite e já brindavam o Ano Novo com algum espumante levado de casa. A ida à praia no “réveillon” incorporou-se gradualmente aos hábitos das famílias de Ipanema. Provavelmente tudo ocorreu da mesma forma em Copacabana e no Leblon. Nascia e se desenvolvia, assim, um ritual bem carioca de ir “passar o ano” na praia. Atualmente um evento internacional gigantesco, concentrado em Copacabana para um público cosmopolita de milhões de pessoas, mas que tem ramificações similares expressivas em todas as praias da Cidade do Rio de Janeiro. Mas não nos esqueçamos: começou modestamente e fica na história carioca como herança eterna dos cultos de origens africanas que a garotada bronzeada dos anos dourados acolheu e ajudou a consagrar como manifestação cultural brasileira de importância global."

Transcrevo esse blog de outrora ao perceber, com grande pesar, que a Prefeitura carioca, ingrata, ignora as origens desse grande evento global e nega uma pequena verba para que Iemanjá, a nossa Rainha do Mar, seja homenageada por seus súditos, religiosos ou não (como eu...) !
Iemanjá! A verdadeira responsável pelo milagre do Réveillon do Rio de Janeiro! Um evento global, nascido do esplendor misterioso da crença de origem africana da gente simples da Cidade Maravilhosa.

sábado, 2 de dezembro de 2017

A (IN)JUSTIÇA SOCIAL DA ESQUERDA BRASILEIRA

O IBGE divulgou sua análise das informações contidas na PNAD CONTÍNUA de 2016, referentes ao módulo sobre “Rendimento de todas as fontes”.
O resultado do estudo comprovou a grande desigualdade de renda ainda existente no Brasil em 2016 e foi amplamente divulgado pela imprensa, não cabendo repetir aqui os números que mostram a grande desigualdade entre nossos milionários e nossos irmãos carentes - amargando níveis insuportáveis de pobreza e até miséria.
Um aspecto importantíssimo das circunstâncias que cercam essa constatação, porém, foi deixado de lado e parece ter escapado aos analistas de nossa mídia: esse resultado negativo coincide com o fim de um longo ciclo de 22 anos de governos esquerdistas - que se intitularam e comportaram sempre como os grandes defensores dos brasileiros pobres e oprimidos. Após 8 anos de governo FHC, outros tantos de Lula no poder absoluto e 6 anos da "Presidenta" Dilma, as políticas públicas supostamente prioritárias da esquerda brasileira, visando o que denominavam de “justiça social”, não atingiram seu objetivo. A carga tributária subiu estratosfericamente e penalizou principalmente a classe média; despesas com programas sociais e com as famosas "bolsas" multiplicaram-se; os déficits públicos atingiram valores irresponsáveis. Tudo em nome da justiça social...
Sabidamente, o mundo político está cheio de boas intenções, mas a questão central e sempre presente é a realidade do seu resultado final. E no caso brasileiro o produto dos últimos 22 anos foi a maior crise já vivida por nosso país – embora ainda haja quem queira encontrar momentos mais negros de nosso panorama econômico, valendo-se das usuais acrobacias da ideologia fracassada.

As razões desse fracasso das políticas distributivistas estão a merecer estudos e pesquisas aprofundados dos nossos meios acadêmicos, majoritariamente muito bem entrosados com as ideologias de esquerda e portanto bastante interessados em decifrar esse paradoxo que é mundial e centenário: os políticos que têm como objetivo primordial distribuir riqueza costumam promover a expansão da pobreza. Foi assim na Cortina de Ferro. É assim na Venezuela.
Felizmente o Brasil está escapando dessa "maldição vermelha"...

VIAGEM AO PASSADO

O Irã está na moda e minhas recordações daquele país mais vivas do que nunca... Estive no Irã em 1976, para participar da Conferência In...