sexta-feira, 1 de setembro de 2017

MAIS PRIVATIZAÇÃO = MENOS CORRUPÇÃO

Almoçávamos no restaurante do Jockey Clube, no Centro do Rio de Janeiro. Estávamos no final de 1984. De repente, Antonio Carlos Magalhães veio até nossa mesa e disse sorridente:   “Roberto, você vai votar no perdedor! Eu estou com o vencedor e vou ser Ministro... daqueles bem gastadores!” Roberto Campos era Senador e iria votar na eleição indireta para a Presidência da República em janeiro de 1985. Sua preferência era conhecida, obedecia à fidelidade partidária, mas desagradava  a alguns de seus amigos mais próximos pelo fato de pesarem, sobre seu candidato, fortes acusações de corrupção. Questionei-o sobre sua escolha e Campos  respondeu-me que muito pelo contrário, seu voto, caso vitorioso, reduziria dramaticamente a corrupção no Brasil. E explicava: seu candidato, homem da iniciativa privada modernizante, prometera a seus eleitores potenciais que iria reduzir drasticamente a participação do Estado em vários setores da nossa economia. Na opinião de Roberto Campos essa decisão acarretaria um choque ético pois ele acreditava que “a corrupção só existe quando o Governo está presente e a privatização é um caminho seguro para reduzi-la”. Daí sua escolha, naquele momento de transição política, que abriria uma nova era na vida nacional.
O anúncio das inúmeras privatizações previstas pelo Governo Temer, embora extremamente positivo,  despertou as críticas esperadas e de motivações óbvias: críticas oportunistas, daqueles que pegam carona na impopularidade do Presidente para faturar politicamente; críticas ideológicas, da mesma turma que já nos anos 50 gritava “o petróleo é nosso!”, um slogan vazio mas de vendagem fácil; e críticas fisiológicas diversas. São, por exemplo, os lamentos de funcionários públicos que querem defender seu emprego e as benesses que as tetas estatais lhes propiciam, nem sempre legitimamente, mas invariavelmente  com o dinheiro do contribuinte indefeso, espoliado. Assim como as críticas das ONGs e blogs que se sustentam com as doações fáceis, ocultas ou dissimuladas, daqueles empreendimentos públicos falidos.
Os nacionalistas do “petróleo é nosso” foram ironicamente sinceros no uso do possessivo: a PETROBRAS, com petróleo, refinarias, navios, plataformas e tudo mais  foi deles, realmente, nos últimos anos, durante os quais a dirigiram e lhe roubaram  e deixaram roubar fortunas incalculáveis.
A PETROBRAS, que Roberto Campos chamava de PETROSSAURO, é o atestado mais eloquente de que a privatização é um instrumento depurador. Na empresa pública, ao contrário do que ocorre na iniciativa privada, a má gestão não é punida pelo mercado e pode fabricar prejuízos estratosféricos.
Meu posicionamento político atual é similar ao do mestre Roberto Campos, ao decidir votar em Paulo Maluf, na transição dos governos militares para a normalidade democrática. Apesar das restrições éticas, o Presidente Temer, reformista e corajoso, marca mais um tento e se credencia ao reconhecimento da História ao reduzir o tamanho deste gigante oligóide: o Estado brasileiro

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