Ao final, as Olimpíadas do Rio de Janeiro acabaram aprovadas
universalmente, depois de muito preconceito e inúmeras desconfianças
– algumas fundadas e outras inventadas.
a)
Quando dirigi o Centro Nacional de Recursos
Humanos (CNRH) do IPEA, o setor de
Assistência Técnica Internacional estava sob minha responsabilidade - pois a
vinda de peritos estrangeiros é uma forma de incorporação de talentos à força de trabalho do país receptor. O IPEA
tinha uma grande experiência própria, pelo fato de receber desde sua fundação
um grande número de especialistas do exterior para colaborar em nossos trabalhos de pesquisa e planejamento
econômico. O Brasil lucrou muito com o "know how" desses profissionais altamente qualificados, mas havia exceções. Em face da realidade
observada - não só no Brasil mas também em outros países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento – corria entre nós uma série infinita de estórias jocosas exagerando as trapalhadas daquele tipo de
especialista que chega a um país que não conhece e logo dá receitas “infalíveis”
para a solução de problemas seculares. A mais famosa delas dava conta de um “expert” enviado para missão na Argentina e que ainda
no aeroporto enviara um minucioso “report” sobre suas observações iniciais, já
com inúmeras sugestões operacionais. Ao buscar sua bagagem descobriu que
desembarcara no Uruguai...
b)
Outra experiência interessante de minha
juventude permitiu-me conhecer a redação de um dos maiores jornais brasileiros –
CORREIO DA MANHÃ – onde, Indicado pelo brilhante Janos Lengyel, escrevi durante 5 anos uma
coluna dominical sobre voleibol, esporte no qual ainda era um atleta atuante e
de ponta. Alguns “coleguinhas” contavam
fatos curiosos da cultura profissional vigente. Exemplo: sempre que faltava assunto
para a matéria obrigatória do dia seguinte, o jornalista recorria ao seu
fichário mental, escolhia um inimigo de estimação e fazia um libelo contra o
desafeto – que podia ser uma pessoa ou uma instituição.
A combinação de (a) e (b) explica a maior parte das matérias
dos jornais estrangeiros que asseguravam que as Olimpíadas do Rio seriam
calamitosas. Tom Jobim me disse certa vez que “entender o Brasil era coisa para
profissionais”. Tinha inteira razão.
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