segunda-feira, 22 de agosto de 2016

ENTENDER O BRASIL É COISA PARA PROFISSIONAIS

Ao final, as Olimpíadas do Rio de Janeiro acabaram aprovadas universalmente,   depois de muito preconceito e inúmeras desconfianças – algumas fundadas e  outras inventadas.
a)      Quando dirigi o Centro Nacional de Recursos Humanos (CNRH) do IPEA,  o setor de Assistência Técnica Internacional estava sob minha responsabilidade - pois a vinda de peritos estrangeiros é uma forma de incorporação de talentos  à força de trabalho do país receptor. O IPEA tinha uma grande experiência própria, pelo fato de receber desde sua fundação um grande número de especialistas do exterior para colaborar em  nossos trabalhos de pesquisa e planejamento econômico.  O Brasil lucrou muito com o "know how" desses profissionais altamente qualificados, mas havia exceções. Em face da realidade observada - não só no Brasil mas também em outros países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento – corria entre nós uma série infinita de estórias  jocosas  exagerando as trapalhadas daquele tipo de especialista que chega a um país que não conhece e logo dá receitas “infalíveis” para a solução de problemas seculares. A mais famosa delas  dava conta de um “expert”  enviado para missão na Argentina e que ainda no aeroporto enviara um minucioso “report” sobre suas observações iniciais, já com inúmeras sugestões operacionais. Ao buscar sua bagagem descobriu que desembarcara no Uruguai...
b)      Outra experiência interessante de minha juventude permitiu-me conhecer a redação de um dos maiores jornais brasileiros – CORREIO DA MANHÃ – onde, Indicado pelo brilhante Janos Lengyel, escrevi durante 5 anos uma coluna dominical sobre voleibol, esporte no qual ainda era um atleta atuante e de ponta.  Alguns “coleguinhas” contavam fatos curiosos da cultura profissional vigente. Exemplo: sempre que faltava assunto para a matéria obrigatória do dia seguinte, o jornalista recorria ao seu fichário mental, escolhia um inimigo de estimação e fazia um libelo contra o desafeto – que podia ser uma pessoa ou uma instituição.

A combinação de (a) e (b) explica a maior parte das matérias dos jornais estrangeiros que asseguravam que as Olimpíadas do Rio seriam calamitosas. Tom Jobim me disse certa vez que “entender o Brasil era coisa para profissionais”. Tinha inteira razão.

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