Abraham Weintraub, nomeado Ministro da Educação pelo
Presidente Bolsonaro, faz jus ao nome: está sendo mais pisoteado pelos
corporativistas da pedagogia que uva no lagar... Em alemão, weintraub significa
exatamente “uva de vinho”. Muito apropriado, portanto! E tomara que dê bom
caldo!
O episódio me faz recordar que há alguns anos recebi um
pedido de entrevista de uma pesquisadora da UNICAMP sobre o trabalho que
realizei durante os 7 anos de atuação no IPEA, inicialmente como Coordenador do
Setor de Educação e Mão de Obra e depois como Secretário Executivo do Centro
Nacional de Recursos Humanos (CNRH). Naquele período, de janeiro de 1965 a
janeiro de 1972, meus comandados e eu publicamos 140 trabalhos sobre educação,
treinamento profissional, emprego, migrações, esporte, TV educativa e
assistência técnica internacional. Além disso, a partir de certo momento,
assumimos algumas tarefas executivas, implantando o Programa Especial de Bolsas
de Estudo para filhos de trabalhadores sindicalizados (PEBE) e o protótipo de
Agência Pública de Emprego no ABC para o Ministério do Trabalho. No MEC,
participamos da criação e implantação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e do PREMEN, além de representarmos o Ministério do
Planejamento no Conselho Federal de Educação (CFE).
O trabalho realizado por mim e minha equipe no IPEA parece ter tido méritos. Nesse período
fui convidado e dei consultoria internacional à UNESCO, OIT e OEA; fui eleito e
reeleito (6 anos) Conselheiro do Instituto Internacional de Planejamento da
Educação (IIPE) da UNESCO, em Paris; fui investido de mandato de 4 anos como
membro do Conselho de Supervisão do Instituto de Educação da UNESCO, em
Hamburgo.
Meses após a entrevista com a douta pesquisadora da UNICAMP fui surpreendido com a divulgação de artigo em
que ela denunciava “o assalto à educação brasileira pelos economistas”. Era uma
crítica ao protagonismo, na nossa educação,
de profissionais de várias formações acadêmicas, mas principalmente dos diplomados
em Economia. Em outras palavras, a sapientíssima pesquisadora só aceitava que
cargos de importância no setor educacional brasileiro fossem ocupados por
professores, pedagogos e afins.
E eu, coitado, mesmo sendo engenheiro, fui arrolado entre os
“assaltantes”... Kkkk
Essa implicância da doutora da UNICAMP, focada
nominalmente nos economistas, devia-se
ao fato de que a maioria dos “intrusos” tinha essa formação acadêmica, o que
era natural pois essa contribuição intelectual dos “intrusos” deu-se
principalmente naquilo que se convencionou chamar de “economia da educação”. O
fenômeno era internacional. Tratava-se
de uma contribuição valiosíssima a um
setor que ignorava a importância das estatísticas, tinha aversão aos aspectos
financeiros das atividades de ensino,
não via importância nas relações entre educação e força de trabalho, ignorava o
que era “trabalhar por projeto” e assim por diante. Gary Becker, Prêmio Nobel,
exatamente por sua contribuição à área social, também nos honrava com sua
companhia no mencionado “assalto”.
À época da entrevista, estávamos em plena vigência dos
Governos do PT, financiando com verbas robustas todos estudos, teses e
pesquisas que engrossassem a “caça acadêmica às bruxas dos Governos militares”.
Bruxas, no caso, eram as muitas realizações da Revolução de 31 de março de 1964
em favor do desenvolvimento nacional que as esquerdas queriam fazer desaparecer da História,
reescrevendo-a a seu modo.
O Ministro Weintraub certamente está sendo nomeado para dar
um choque de gestão no MEC, cuja característica nos governos petistas sempre foi
a incompetência, o dispêndio desenfreado em projetos e atividades sem avaliação,
implementados muitas vezes por ONGs desqualificadas – para dizer o mínimo.
Governos que elevaram desmesuradamente os gastos públicos em educação, ao nível
dos países desenvolvidos (em termos de percentagens do PIB), sem que houvesse
qualquer ganho em qualidade. Os resultados de nossos alunos (de 15 anos) no
teste PISA, da OECD, sistematicamente envergonham nosso país.
Educadores que reivindicam o monopólio do poder na Educação
brasileira para seus pares, demonstram com clareza exatamente o maior de seus muitos
defeitos: a rejeição à multidisciplinaridade. Sem a qual nossa Educação jamais
sairá das humilhantes posições nos rankings de qualidade do ensino em nível mundial.
Weintraub, como qualquer Ministro, não precisa dominar toda
gama de conhecimentos teoricamente desejáveis para o correto exercício de sua
missão. Basta saber eleger as prioridades corretas e compor uma equipe com o
naipe adequado de talentos, motivá-la e dar-lhe liberdade para implementar projetos e atividades realmente relevantes.
Essa crítica corporativista exacerbada, à nomeação de
Abraham Weintraub, é parte da campanha
sistemática de oposição a qualquer ação do Governo Bolsonaro. É o choro dos
derrotados. A confirmação cabal de que é preciso mudar quase tudo em nossa
educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário