quinta-feira, 11 de abril de 2019

ASSALTEI A EDUCAÇÃO BRASILEIRA!


Abraham Weintraub, nomeado Ministro da Educação pelo Presidente Bolsonaro, faz jus ao nome: está sendo mais pisoteado pelos corporativistas da pedagogia que uva no lagar... Em alemão, weintraub significa exatamente “uva de vinho”. Muito apropriado, portanto! E tomara que dê bom caldo!
O episódio me faz recordar que há alguns anos recebi um pedido de entrevista de uma pesquisadora da UNICAMP sobre o trabalho que realizei durante os 7 anos de atuação no IPEA, inicialmente como Coordenador do Setor de Educação e Mão de Obra e depois como Secretário Executivo do Centro Nacional de Recursos Humanos (CNRH). Naquele período, de janeiro de 1965 a janeiro de 1972, meus comandados e eu publicamos 140 trabalhos sobre educação, treinamento profissional, emprego, migrações, esporte, TV educativa e assistência técnica internacional. Além disso, a partir de certo momento, assumimos algumas tarefas executivas, implantando o Programa Especial de Bolsas de Estudo para filhos de trabalhadores sindicalizados (PEBE) e o protótipo de Agência Pública de Emprego no ABC para o Ministério do Trabalho. No MEC, participamos da criação e implantação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do PREMEN, além de representarmos o Ministério do Planejamento no Conselho Federal de Educação (CFE).
O trabalho realizado por mim e minha equipe  no IPEA parece ter tido méritos. Nesse período fui convidado e dei consultoria internacional à UNESCO, OIT e OEA; fui eleito e reeleito (6 anos) Conselheiro do Instituto Internacional de Planejamento da Educação (IIPE) da UNESCO, em Paris; fui investido de mandato de 4 anos como membro do Conselho de Supervisão do Instituto de Educação da UNESCO, em Hamburgo.
Meses após a entrevista com a douta pesquisadora da UNICAMP  fui surpreendido com a divulgação de artigo em que ela denunciava “o assalto à educação brasileira pelos economistas”. Era uma crítica ao protagonismo, na nossa  educação, de profissionais de várias formações acadêmicas, mas principalmente dos diplomados em Economia. Em outras palavras, a sapientíssima pesquisadora só aceitava que cargos de importância no setor educacional brasileiro fossem ocupados por professores,  pedagogos e afins.
E eu, coitado, mesmo sendo engenheiro, fui arrolado entre os “assaltantes”... Kkkk
Essa implicância da doutora da UNICAMP, focada nominalmente  nos economistas, devia-se ao fato de que a maioria dos “intrusos” tinha essa formação acadêmica, o que era natural pois essa contribuição intelectual dos “intrusos” deu-se principalmente naquilo que se convencionou chamar de “economia da educação”. O fenômeno era internacional.  Tratava-se de  uma contribuição valiosíssima a um setor que ignorava a importância das estatísticas, tinha aversão aos aspectos financeiros das atividades  de ensino, não via importância nas relações entre educação e força de trabalho, ignorava o que era “trabalhar por projeto” e assim por diante. Gary Becker, Prêmio Nobel, exatamente por sua contribuição à área social, também nos honrava com sua companhia no mencionado  “assalto”.
À época da entrevista, estávamos em plena vigência dos Governos do PT, financiando com verbas robustas todos estudos, teses e pesquisas que engrossassem a “caça acadêmica às bruxas dos Governos militares”. Bruxas, no caso, eram as muitas realizações da Revolução de 31 de março de 1964 em favor do desenvolvimento nacional que as esquerdas  queriam fazer desaparecer da História, reescrevendo-a a seu modo.
O Ministro Weintraub certamente está sendo nomeado para dar um choque de gestão no MEC, cuja característica nos governos petistas sempre foi a incompetência, o dispêndio desenfreado  em projetos e atividades sem avaliação, implementados muitas vezes por ONGs desqualificadas – para dizer o mínimo. Governos que elevaram desmesuradamente os gastos públicos em educação, ao nível dos países desenvolvidos (em termos de percentagens do PIB), sem que houvesse qualquer ganho em qualidade. Os resultados de nossos alunos (de 15 anos) no teste PISA, da OECD, sistematicamente envergonham nosso país.
Educadores que reivindicam o monopólio do poder na Educação brasileira para seus pares, demonstram com clareza exatamente o maior de seus muitos defeitos: a rejeição à multidisciplinaridade. Sem a qual nossa Educação jamais sairá das humilhantes posições nos rankings de qualidade do ensino  em nível mundial.
Weintraub, como qualquer Ministro, não precisa dominar toda gama de conhecimentos teoricamente desejáveis para o correto exercício de sua missão. Basta saber eleger as prioridades corretas e compor uma equipe com o naipe adequado de talentos, motivá-la e dar-lhe liberdade para implementar  projetos e atividades realmente  relevantes.
Essa crítica corporativista exacerbada, à nomeação de Abraham Weintraub,  é parte da campanha sistemática de oposição a qualquer ação do Governo Bolsonaro. É o choro dos derrotados. A confirmação cabal de que é preciso mudar quase tudo em nossa educação.


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