sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

DINHEIRO NÃO COMPRA FELICIDADE!

Dinheiro não compra felicidade. Há quem diga que ajuda. Mas melhor receita de vida - embora não infalível - é ter objetivos, fazer o bem e focar no presente. Isso nos faz aproximar  da ambicionada meta.
Educação de qualidade é como a felicidade. Todos a desejam  e ninguém descobriu a fórmula certa até agora. Muita pesquisa tem sido feita visando descobrir qual a escola ideal. Não se chegou a qualquer conclusão absoluta. Um estudo americano encontrou um ponto que parece comum  nas escolas de qualidade: há nelas uma grande concentração de  alunos que vão brilhar em uma mesma e bem determinada área, que pode ser  na cultura, no esporte, em certa atividade profissional específica.
Meu depoimento pessoal, que obviamente não é representativo: estudei no Colégio Mello e Souza - que tinha alto padrão de qualidade. Até hoje agradeço a inspiração de meus pais, de me terem colocado lá, iniciativa muito importante para meu futuro.  Pois o Mello e Souza, além da excelência acadêmica, tinha a interessante característica de iniciar e formar muitos jogadores de voleibol. Na minha turma mesmo tinha o Ronaldo Coutinho, que jogava no Flamengo, assim como seu irmão mais novo, o saudoso Cláudio Coutinho, também craque da rede no time da Gávea, além de excelente técnico de futebol de prestígio internacional.  Vários integrantes das seleções brasileiras de voleibol foram alunos do Mello e Souza: Johnny O`Shea, Vitor Barcellos, Feitosa, Nuzman (atual Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro), João Cláudio e eu  mesmo. Outra área de destaque dos alunos do nosso colégio era a música, com Luizinho Eça e Menescal, que animavam um fabuloso baile aos sábados, em que o baterista Francisco Horta – posteriormente Meritíssimo Juiz e Presidente do Fluminense – fazia uma barulhada bem agradável.    A bossa  nova passou pelo Mello e Souza.                          
Na busca da educação de qualidade muitos se enganam, pensando que apenas mais verba resolve. Mas dinheiro também não compra educação de qualidade. O que ocorreu no Brasil no passado recente prova isso. Os países da OECD gastam, na média, 5,3% do PIB,  oferecem  educação de qualidade e todos sempre superaram nosso país no teste PISA. O Brasil já está destinando 5,6% do PIB (2012) para a educação e a performance continua deplorável. Desperdício  - o que tem ocorrido maciçamente em nossa educação nos últimos anos – é uma das causas desse desastre e  chega a ser criminoso em um país com tantas necessidades não supridas.  Quando vi um especialista em educação afirmar na TV que o Governo Federal, no Ministério de Fernando Haddad, gastava anualmente 450 milhões de dólares no programa Brasil Alfabetizado e não chegava a alfabetizar  1 milhão de pessoas com essa fortuna, fiquei perplexo. Ao conhecer as estatísticas, entendi tudo: em 2000, o Brasil gastava 3,1% do PIB em educação; pulou para 4,0%, 4,8% e 5,2% respectivamente em 2005, 2008 e 2010, chegando a 5,6% em 2012. O dinheiro estava sobrando, jorrando e cimentando carreiras políticas. Ao longo desse período, a qualidade da nossa educação não teve qualquer melhora. Muito pelo contrário.
Uma boa receita para a educação de qualidade é ter gestores sérios, qualificados e altamente motivados. Capazes de liderar e motivar seus auxiliares para as árduas tarefas da educação. Não tem sido o caso do Brasil.
Quando dizem que pretendemos gastar 10% do PIB em educação, sinto muita tristeza: presenciar um discurso tão medíocre, repetido por tanta gente e com o aval dos detentores do poder em nosso país é desastroso.  Essa gente acredita em números mágicos, aqueles que iludem o povo tanto como os clássicos “R$ 9,99 marqueteiros” dos produtos à venda  nos supermercados e nas lojas de departamentos (antes da inflação eram apenas R$ 1,99!).
Políticos populistas fixam esses números-balela como obrigatórios e depois votam em peso a favor da DRU (desvinculação das receitas da União), para corrigir o pecado original da vinculação, obtendo  um salvo-conduto para burlar os dispositivos legais – ou até constitucionais – que eles mesmos estabeleceram. São os  “percentuais da embromação”.
Um ou dois dias depois de eu ter postado blog a favor dos deserdados do FIES, a OECD publicou seu sempre magnífico relatório sobre a educação (Education  at a Glance  2015) e mostrou que os países com os melhores resultados em educação gastam percentuais do PIB inferiores ao praticado no Brasil. Não falta verba, faltam-nos boas práticas de gestão. E sobram os inevitáveis demagogos populistas de esquerda.
O mesmo acontece na saúde pública. Lembro-me do quase desespero de Roberto Campos em 1988, quando Ulysses Guimarães e sua trupe construíam o que chamaram de “Constituição Cidadã”. Ulysses assegurava: “A saúde é direito de todos e dever do Estado”. Campos perguntava de onde sairiam tantos recursos para universalizar a saúde pública e Ulysses não titubeava: “isso, resolveremos depois...”

Todos os dias, nas rádios, TVs e ao vivo presenciamos as barbaridades que são cometidas contra o povão que procura atendimento nas unidades públicas de saúde e morre nos corredores e calçadas dos hospitais. Ou até é jogado para fora das ambulâncias – essa prática era inédita até agora e me inspirou para escrever este texto. Coisas do SUS.  Lembro que LULA  gabou-se, em cadeia nacional, que o SUS é motivo de inveja no primeiro mundo. Disse isso mas se tratou sempre – e de graça - no Sírio e Libanês. 

Um comentário:

  1. O Governo acaba de suspender a bolsa que pagava a 500 mil pescadores no defeso. Alegam que as espécies não estão mais em risco de extinção. Iludidos no passado recente pela demagogia populista, nossos pobres vão pagar caro. Só não correm o risco de extinção. Vamos ter mais pobres para enganar.

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