quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

MORITURI TE SALUTANT (SUETÔNIO)

1.           Infelizmente, concretizou-se  minha previsão sobre desemprego - ver blog  FIM DE(AS) FESTA(S), de 27/12/2015: só em dezembro o país perdeu  596.208 postos de trabalho formais. Historicamente, desde o Governo Lula, dezembro é um mês de demissões em massa. Efeito cumulativo do término das festividades e do continuado aumento irrealista do salário mínimo e dos pisos salariais estaduais, sempre acima da inflação e guiados pela demagogia populista que assola o país, sem a sustentação indispensável do aumento da produtividade dos setores econômicos. Assim, no total,  em 2015, o Brasil fechou 1.542.371 vagas de trabalho com carteira assinada,  pior resultado de todos os tempos. Em consequência, o desemprego nacional já está  flagelando 10 milhões de trabalhadores, o que a PNAD Contínua confirmará. Isto, embora muitos demitidos, fugindo à miséria, tenham passado no desespero à condição de trabalhadores por conta própria ou mesmo de (pequenos) empreendedores, não sendo portanto contabilizados como desocupados. Sua grande perda de renda e sua posição de instabilidade no mercado de trabalho, porém, serão calamitosas. UM DESASTRE! SOFRIMENTO PARA GRANDE PARTE DO NOSSO POVO!
2.         Vibrei com o protesto do Sindicato Nacional dos  Aposentados em São Paulo. Um Carnaval antecipado, com humor negro e tudo. Os idosos desfilaram pacificamente  pelas ruas com doentes em macas, incapacitados em cadeiras de rodas e andadores titubeantes, chamando a atenção do Brasil para o abandono em que se encontra nossa velhice pobre ou mesmo remediada.  Em 78% dos municípios  brasileiros não há asilos ou casas de dia. Apenas 4% dos estabelecimentos existentes são públicos. Considerando que com a PEC das Domésticas os salários dos cuidadores de idosos ficaram proibitivos – a não ser para a população rica – e o destino dos velhos dependentes e sem famílias de apoio será inevitavelmente o asilo, pode-se avaliar a gravidade da situação. Mas não é só isso: faltam geriatras e não há incentivos para sua formação e atuação; o pessoal auxiliar é ainda mais escasso; há uma enorme demanda não satisfeita por serviços de fisioterapia gratuitos e assim por diante. A lista de necessidades a suprir é enorme e não há nenhuma indicação de que os gestores governamentais estejam em sintonia com essa realidade, que vai agravar-se na medida do crescente envelhecimento dos brasileiros. Mostrar que têm voz e voto é muito importante para os desprezados idosos brasileiros. A passeata dos que estão morrendo nos corredores dos hospitais, por falta de remédios e UTIs há de apavorar seus carrascos incompetentes e corruptos que estão no poder.

3.            Nos meus tempos de criança havia uma realidade indesmentível: as lavanderias sempre pertenciam a japoneses. Pelo menos na Ipanema dos anos 40 era assim. No quarteirão da minha casa, entre as ruas Joana Angélica e Montenegro, ficava a tinturaria do Sr. Nakamura, que todas as noites jogava pôquer com meu pai e outros comerciantes.  Na rua Teixeira de Melo, no quarteirão da praia, situava-se a tinturaria do patriarca da família Yoshida – joguei muito futebol na Praça General Osório com seus filhos Rubens e Sílvio, craques do Clube Tatuís, ao qual também pertencia o depois famoso Walter Clark, o verdadeiro construtor da moderna TV brasileira. Tenho saudades desse tempo, uma enorme vontade de revivê-lo e uma grande esperança na tradição nipônica: a esperança de ver o “japa” da Federal meter o pé na porta do corrupto maior e – desta vez de verdade - lavar a alma do enojado povo brasileiro!

3 comentários:

  1. Muitas vezes, leio seus textos e fico paralisada diante deles. Imaginando como a atual realidade do nosso país está comprometendo a vida de milhões de pessoas. Já vivi muitas situações, presenciei muitas dificuldades, mas sempre experimentei a esperança, tinha mesmo certeza de que com trabalho e dedicação - e saúde, é claro - as dificuldades seriam superadas. E elas sempre foram. Não quero ser pessimista, não quero perder a esperança. Mas com o quadro que você nos apresenta em vários dos seus textos (coloquei a leitura do blog em dia, sempre tão repleto de dados e com argumentos fortes e consistentes, fico com o coração apertado e pensando: será que ainda posso fazer algo para ajudar a transformar tal realidade? Será que o Brasil tem jeito? Ou não tem mais? Sou professora e sempre achei que contribuindo com a formação do "outro" eu estava fazendo algo significativo. Não tenho mais certeza disso. Por sua vez, quero, preciso acreditar que há saídas para recuperar o Brasil e que (sem ser prepotente) há algo que ainda posso fazer, contribuindo para mudar tal realidade. Uma contribuição pequena que seja... Continuar educando em valores? Ainda faz sentido, diante desse quadro de tanta corrupção e descaso? Sinto que escrevendo você está fazendo a sua parte e me provocando a fazer algo também. Prometo que vou pensar...

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  2. A esperança é tênue. Mas há muitos brasileiros bons, honestos e produtivos como você e assim sempre resta um fio de esperança. Continuar ensinando e transmitindo valores é um bom caminho. Vamos em frente...

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