quarta-feira, 2 de novembro de 2016

LIÇÕES ELEITORAIS DE 2016

Espantei-me ao ver, no canal de notícias de maior audiência da TV por assinatura brasileira, que um comentarista político, cometendo erro crasso, somava percentuais de abstenções (referidos ao número total de eleitores inscritos) com percentuais de votos nulos e brancos (relativos aos eleitores que compareceram à votação) para quantificar a proporção dos que denominava de “desiludidos da política”. Sinal de que nossa TV ainda tem muito a progredir tecnicamente e nosso sistema educacional  precisa melhorar enormemente sua qualidade, especialmente em matemática. E indicativo, também, da explícita ansiedade de  parte daquela equipe em diminuir o valor do pleito municipal – talvez por não terem gostado dos seus resultados -,  superestimando o desinteresse do eleitorado em escolher um determinado candidato. Menos mal que outro participante do time de comentaristas, mais ilustrado, corrigiu o erro evidente.
Estatística ainda é uma ciência indecifrável para a maioria esmagadora dos brasileiros, inclusive para muitos portadores de diplomas universitários. O que é uma pena,  pois alguns de seus aspectos são de interesse básico para o cotidiano de todos os viventes. Noções das teorias das probabilidades e dos erros, a percepção da significância relativa dos valores  etc são extremamente úteis para a tomada de decisões corriqueiras de nossa existência. Talvez seja, por essa debilidade generalizada,  que os institutos de pesquisa de opinião errem tanto e tão impunemente em suas previsões eleitorais, prejudicando a  boa prática democrática, sem que nada aconteça e ninguém proteste.
Em sua analogia entre a estatística e o biquíni, Roberto Campos já nos prevenia sobre os cuidados a tomar na análise dos números. E nas últimas eleições essa prudência cabe perfeitamente. Comentaristas falavam dos elevados percentuais de abstenção sem fazer duas considerações pertinentes: a primeira, que em Municípios que não realizaram recadastramento dos eleitores em 2016 há um grande número de mortos incluídos dentre os aptos a votar; a segunda, que em Municípios de população envelhecida (como é o caso do Rio de Janeiro), o fato de pessoas de 70 anos e mais de idade não serem obrigadas  a votar adiciona mais um “bias” evidente na aferição do percentual de abstenções.
É lugar comum a observação de que “o brasileiro não sabe votar”. Tenho outra hipótese, baseada nos resultados das eleições municipais de 2016 e cotejando-as com as de 2014, pois agora os brasileiros votaram acertadamente e mandaram o PT para o espaço... Minha hipótese é que o nosso eleitor é facilmente iludido pelas mentiras, pela demagogia populista e assim por diante. Quem acha que sabe votar muito racionalmente que atire a primeira pedra! Jânio, Collor, Lula e Dilma enganaram muitos milhões, inclusive das classes que se denominam “esclarecidas”!

Em 2014 abordei esse tema pouco antes das eleições, no blog intitulado “ECONÔMICO X SOCIAL”, prevendo o voto fisiológico dos muitos milhões de beneficiários dos programas sociais, enganados pelos agentes do PT - que espalharam boatos de que o programa Bolsa Família seria extinto caso Dilma fosse derrotada no pleito presidencial. Pobres e miseráveis só podiam votar como votaram, reelegendo quem lhes pagava a mesada indispensável à sobrevivência. Não votaram mal: foram enganados. Agora deram o troco, consciente e esclarecido.

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