quinta-feira, 16 de março de 2017

OTIMISMO BEM EMPREGADO

O CAGED (Cadastro de Empregados e Desempregados), levantamento mensal do Ministério do Trabalho, acaba de divulgar o resultado nacional para fevereiro de 2017, o qual apontou a criação de 35.610 postos de trabalho com carteira assinada. A estatística surpreendeu todos os analistas do mercado de trabalho, incluindo os da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Infelizmente há uma grande escassez de talentos nessa área e eu me penitencio pelo fato de ter sido o Coordenador desse setor no IPEA durante 7 anos e não ter conseguido deixar uma herança sustentável de formação desse tipo de profissionais.
Um fato, porém, me confere a absolvição dessa falha: eu previ que a  reação do emprego no Brasil dar-se-ia antes do que esperavam todos...De agora em diante haverá oscilações, uma melhoria inicial tímida do mercado de trabalho, mas uma recuperação crescente caso as reformas trabalhista e da previdência sejam aprovadas, sem as benesses irresponsáveis que alguns congressistas adoram distribuir.
Rememorando meu blog de 5 de outubro de 2016:

  • Atualmente  o desemprego é  tema onipresente na mídia. Todavia, o tratamento dado à matéria não escapa muitas vezes ao lugar comum, à adoção repetida de conceitos (ou preconceitos) equivocados. Virou quase um slogan a afirmativa de que nas crises o desemprego é o último a reagir e a recuperar-se. O que não se diz, porém, é que isso só acontece porque a tributação sobre o emprego formal, no Brasil, é extremamente alta e a CLT totalmente engessada e ultrapassada. Aqui, admitir um empregado é caro e demiti-lo é caríssimo. Logo, empregar  sempre requer reflexão e cautela. Se assim não fosse, a recuperação dos postos de trabalho se verificaria de imediato, à medida que se desse a utilização da capacidade ociosa dos setores produtivos. É de lembrar que o custo da remuneração de horas extra também é alto e sua adoção normalmente evitada.                                                                                                     Um jornal paulista de grande circulação entrevistou recentemente alguns economistas e concluiu que  “o desemprego no Brasil só deverá cair na segunda metade de 2017. Ainda assim,  a volta a níveis anteriores à crise não é cenário mais previsto para 2018. O país levará pelo menos quatro anos para sair do sufoco no mercado de trabalho”. O FMI, ainda agora, confirmou essa visão pessimista. 
  • Creio que essa colocação é exagerada e que  a recuperação se fará mais rapidamente, pois  a mudança de comando do governo federal está restabelecendo  a confiança dos setores produtivos, antes perplexos com a incompetência e a ambiguidade dos dirigentes no poder. O simples anúncio da intenção do Governo de desfazer certos nós da legislação trabalhista já entusiasma o mercado. A possibilidade aberta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) de que a negociação entre o empresariado e os representantes  dos empregados seja reconhecida pela justiça trabalhista já criará um  clima de confiança e aí voltam os investidores e com estes mais ocupações.  Essa reversão se dará mais rapidamente ainda caso o Governo efetive uma razoável redução da burocracia, como já foi feito no âmbito do Ministério da Agricultura.
  • Nunca é demais lembrar que a volta da confiança na gestão de nossa economia ocorrerá mais efetivamente também com  o combate à fraude, ao empreguismo nas administrações públicas, com a redução  do tamanho do Estado e a conclusão das milhares de obras inacabadas espalhadas pelo nosso território.
  • Espero boas notícias nos próximos 6 meses!"
Isso foi há 6 meses. Mais recentemente, no blog de 16 de janeiro, intitulado "Pessimismo Mal Empregado", repeti essas previsões:
"A OIT – Organização Internacional do Trabalho, agência especializada da ONU,  acaba de juntar-se aos muitos analistas que acreditam no aumento do desemprego no Brasil em 2017, a níveis que podem chegar a 14% e que afirmam que só em 2018 haverá melhoria da situação.
Tratei do assunto no blog de 5 de outubro de 2016, intitulado “O DRAMA DO DESEMPREGO NO BRASIL”. Não acredito nessa quase unanimidade pessimista e mantenho minha posição: o desemprego no Brasil não ultrapassará a casa dos 12% e ainda em 2017 começaremos a recuperar os postos de trabalho perdidos no Governo Dilma. O CAGED de dezembro de 2016 ainda mostrará a perda de centenas de milhares de empregos com carteira assinada – como sempre acontece no mês de dezembro - mas em 2017 começarão a aparecer os saldos positivos.
Alguns resultados recentes são encorajadores: sucesso da operação contra a corrupção, saldo positivo recorde da balança de pagamentos, queda da inflação, possibilitando a redução dos juros e início vitorioso do ciclo de reformas de que o Brasil necessita, nos campos fiscal, previdenciário, trabalhista, tributário e político.
Sintomas discretos dessa reação já estar próxima são perceptíveis: 1. Número elevado de ofertas de estágios neste início de ano; 2. Contratações crescentes pelo agronegócio em empregos de boa qualidade; 3. Reação de certos setores industriais, inclusive recuperando mercado externo; 4.Restabelecimento gradual da confiança na economia, demonstrado pelo ingresso de capitais estrangeiros no  Brasil; 5. Retomada de alguns investimentos da PETROBRAS.
Quando estudei na Escola Nacional de Engenharia, com os Professores Kafuri e Pardal, a Estatística era uma ciência exata. Hoje, quando observamos o panorama brasileiro, temos que reconhecer que a Estatística virou uma ciência social, uma arma política disfarçada!"
Sou eternamente agradecido a meus brilhantes mestres!

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