quarta-feira, 14 de agosto de 2019

SAUDADES DOS PAN



Após duas semanas de grandes emoções e a disputa de uma gama variada de modalidades esportivas, Lima encerrou com um show brilhante o seu PAN-2019. Marisa e eu gostamos muito de ver grande número de esportes, disputados em alto nível, em tão pouco tempo e com muitas vitórias brasileiras.
E eu  já estou com saudades desses dias de muita TV, intensa vibração e tantas medalhas (171) conquistadas pelas equipes do Brasil: 55 de ouro, 45 de prata e 71 de bronze. Feito inédito! Aplausos para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), responsável pela diversificação da prática desportiva, antes muito concentrada, principalmente no futebol.
Mais saudade ainda, obviamente, eu tenho do PAN de Chicago, em 1959 – isso...há 60 anos! – quando joguei voleibol pela Seleção do Brasil e ganhamos medalha de prata, mostrada na foto (frente e verso). A equipe feminina de voleibol, brilhantemente, conquistou medalha de ouro.





As delegações brasileiras de voleibol (feminina e masculina),  chegaram a Chicago antes dos demais atletas.  O alojamento previsto para nossa equipe masculina era a Universidade de Chicago, cujos estudantes estariam em férias. Mas ainda havia alunos, inclusive brasileiros, em aulas. Um deles eu já conhecia – Gláucio Dillon Soares – posteriormente, creio, funcionário da  CEPAL. Gláucio, inclusive, sabendo que eu falava inglês, levou até mim um jornalista americano interessado em saber minha opinião sobre Fidel Castro. Nessa época havia pouca informação fidedigna, no Brasil, sobre a recente Revolução Cubana e eu até declarei que a derrubada da ditadura de Fulgêncio Batista fora positiva. Eu ainda não imaginava  o quão deletério seria o regime castrista. Mas os americanos, bem informados sobre as centenas de fuzilamentos sumários, comandados por Fidel e Che Guevara,  já projetavam as trevas em que Cuba mergulharia com a ditadura genocida que então se instalava.

A equipe feminina de voleibol do Brasil ficou alojada no Shoreland Hotel, em um belo parque margeando o Lago Michigan. O time masculino ficou nos quartos individuais da Green House, no campus da Universidade de Chicago. Nossos técnicos, Adolfo Guilherme e Samy Mehlinski retomaram de imediato nossos treinamentos intensos, que haviam se iniciado em São Lourenço, prosseguiram em Volta Redonda e agora aconteciam sob o calor abrasador de Chicago, apenas amenizado na orla do Lago Michigan, cujas águas permaneciam frias.
O Comitê Organizador do PAN reservara Ida Noyes, o belo prédio gótico da Universidade, construído no início do século XX, para ser o centro de confraternização dos atletas. Era principalmente em seu hall interno, mostrado na foto, que nos encontrávamos com as várias pessoas, suas línguas e culturas, participantes do grande evento. Americanos convidados também tinham acesso a Ida Noyes. A Coca Cola rolava a cântaros e gratuitamente das dezenas de máquinas instaladas em Ida Noyes para atender aos participantes.

Um dos grandes momentos do PAN de Chicago foi a oportunidade de conhecer e cumprimentar Jesse Owens - o atleta do século que fizera Hitler engolir seu preconceito racial nas Olimpíadas de Berlim.
O esporte foi um dos mais importantes legados que nos deixaram os gregos. E foram muitos...Democracia, escultura, teatro, arquitetura, filosofia etc
Senti muito a derrota na partida final para o time dos Estados Unidos...Mas agora, passados 60 anos, lembro com orgulho de nosso esforço para alcançar a vitória que afinal não aconteceu. E tenho saudades de um período tão especial de minha vida.
SUCESSO É CHEGAR AO FIM DE VIDA E PODER ORGULHAR-SE DE SUAS DERROTAS TANTO QUANTO DE SUAS VITÓRIAS!

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