Escândalos à parte, o duo “Econômico x Social” será o embate
predominante no segundo turno da eleição
presidencial.
O Governo Dilma arrasou a economia do país – e este é um de
seus importantes passivos, talvez decisivo - mas ampliou fortemente os
programas de transferência de renda, nos quais os beneficiários recebem
mensalmente um repasse de dinheiro dos cofres públicos. Atualmente, são pagos
Benefícios de Prestação Continuada (BPC) a 4.256.570 idosos e deficientes
(dados de agosto/14); ao mesmo tempo (dados de setembro/14), 13.983.099
famílias carentes recebem o dinheiro do programa Bolsa Família (BF). O
crescimento desses programas sociais foi tão expressivo nos últimos anos que
ninguém se lembra que sua criação se deu no Governo de Fernando Henrique, pois
o oportunismo e a ousadia dos marqueteiros petistas roubaram-lhe os “direitos
autorais”.
A lógica quantitativa do resultado no primeiro turno indicaria
o desejo majoritário de trocar de Presidente (o voto de 60% do eleitorado foi nos
outros candidatos), mas não se sabe qual
o caminho dos 22 milhões de votos dados à terceira colocada e há forças
poderosas que atuam em favor do continuísmo petista.
A grande esperança é que o segundo turno da eleição presidencial, em princípio, beneficiará o
eleitor consciente. Ele terá mais tempo para decidir se quer ou não mudar os
rumos do país. O primeiro turno, com uma divisão desigual do tempo de televisão, cria distorções decisivas
para o resultado da votação. A TV, ainda o meio de comunicação mais democrático
e importante no Brasil, atingia 97,2% dos 65,1 milhões de domicílios brasileiros em 2013 e este ano
deve ultrapassar 98%. O mesmo raciocínio – reflexão sobre a qualidade da
escolha - não se aplica, é claro, aos brasileiros que votam fisiologicamente – cujo
imediatismo é uma realidade compreensível em regiões pobres e cujo nível de
conscientização é precário.
A principal das
forças continuístas é a possibilidade de Dilma conseguir muitos milhões de votos
por atribuir-se e ter reconhecida a propriedade dos programas sociais – embora eles
sejam mantidos com os impostos cobrados a todos os brasileiros. Afinal é o meu, o seu, o nosso dinheiro!
A maior fragilidade de Dilma é o péssimo desempenho na
administração do país em geral, mas particularmente como essa incompetência se
refletiu na deterioração acelerada de nossa economia, cuja situação já pode ser
considerada grave. Aliás, os investidores estão cientes dessa crise já em
andamento e o simples fato de haver uma esperança de mudança no Governo já fez
a Bolsa abrir com alta de 7% e o dólar com queda de 2,5% no dia útil seguinte à
eleição do primeiro turno. Números otimistas que há muito não eram vistos...
Os 43 milhões de votos de Dilma estão concentrados sobretudo naquela população dependente das
transferências governamentais. Há uma
forte correlação positiva das maiores fontes de votação de Dilma com o
atingimento territorial do programa Bolsa
Família. No Piauí, por exemplo, Estado em que Dilma teve 77% dos votos, o
benefício é dado a metade (49%) das famílias lá residentes.
Essa fortaleza, aparentemente inexpugnável, dos redutos
eleitorais petistas haverá, porém, de ter suas fragilidades, que devem ser
expostas à exaustão pela propaganda oposicionista, em linguagem que o povo
entenda:
1. Inflação, que corrói o poder de compra do
povo. Especialmente a inflação dos preços dos alimentos (Exibir lista de
preços de alimentos no dia da posse de Dilma x preços atuais dessa mesma
lista). Só o lucro dos bancos subiu mais, muito mais que a inflação dos
alimentos.
2. Corrosão das pensões dos aposentados (Série
histórica de 2003 a 2014 da relação entre valor das pensões INSS e o valor do salário
mínimo). Pobres velhinhos com mais de 90 anos que o Ministro do PT, Berzoini,
obrigou a ir aos bancos provar que estavam vivos. Lembram?
3. Estagnação Econômica do Brasil (Crescimento pífio do PIB, queda no saldo da
balança comercial com o exterior, endividamento público galopante, despesas
governamentais em excesso, carga tributária escandinava e serviços públicos
africanos – tudo no no período Dilma)
4. Saúde – mostrar vídeos dos corredores dos
hospitais e emergências, com a realidade assustadora e desumana
5. Infraestrutura
deteriorada – a que aí está, onerando o custo-Brasil, foi a que sobrou do período militar
6. Indústria falida, não competitiva –
legado petista para o futuro
7. Taxa de Investimentos – baixa, ridícula
mesmo, por falta de confiança no Governo, em função da quebra de contratos
8. Queda do valor da PETROBRAS –
descrédito, desinteresse dos investidores por força da péssima gestão e
escândalos bilionários
9. Resultados dos alunos brasileiros no teste
PISA da OECD – sempre entre os últimos colocados dentre as dezenas de
países participantes
Muito bom!!! Ainda tenho esperanças de que veremos um pt.saudações no próximo dia 26...
ResponderExcluirGrato pelo seu comentário - sempre um incentivo. Arlindo
ExcluirSempre aprendo com suas análises e, neste caso específico, gostaria que suas reflexões chegassem até ao Aécio e aos assessores dele. São considerações importantes para alimentar o debate sobre o tema. Aproveito para sugerir que seus leitores façam circular suas mensagens por diferentes mídias. Vamos reforçar uma corrente de aprendizados e mudanças. Adélia
ResponderExcluirCara Adelia, sempre generosa com seu amigo: agradeço seu comentário e creio que os marqueteiros do candidato da oposição certamente saberão mostrar ao povão que, devido à inflação, ele não pode mais comer carne, leite e o pãozinho francês - que estão pela "hora da morte".
Excluir