A situação econômica e financeira do Brasil é tão ruim que
todos os brasileiros – independentemente de sua posição política - devem procurar
contribuir, dentro de suas possibilidades, para amenizar os problemas nacionais.
Repudio corruptos e demagogos, lamento a cultura esquerdista e do politicamente
correto que foi imposta ao povo brasileiro nas duas últimas décadas, mas apesar
de tudo acho que vale a pena contribuir para tentar salvar o futuro de nosso
país[1].
O Ministério da Fazenda anunciou a criação de um sistema de
avaliação da qualidade do gasto público - medida essencial para evitar a repetição do incrível rombo
financeiro de 2014.
Essa boa iniciativa leva-me a uma reflexão sobre o tema. De
início, creio, deve implicar na criação de uma escala de prioridades na busca
de economias nas despesas do Governo Federal, embora todas as reduções de
gastos sejam bem vindas.
De forma superficial, já abordamos o assunto anteriormente, ao
comentarmos como seria o novo enfoque dado ao Programa do Bolsa Família (BF) –
visando obter economias em um cenário de escassez. O BF chegou a consumir cerca
de R$ 2,5 bilhões mensais, pouco antes das últimas eleições e era impossível
mantê-lo nesse nível.
O primeiro passo, prioritário, para reduzir gastos em geral consistirá
sempre no combate à fraude, que campeia em vários programas do Governo Federal,
como resultado de vários anos de cumplicidade/desídia dos gestores, mais interessados
em criar “currais eleitorais” do que na eficiência, eficácia e efetividade de
projetos e atividades financiados pelos cofres públicos. Além das economias
obtidas, o combate à fraude tem outra vantagem conjuntural: é creditado como uma atitude ética das
autoridades, bastante oportuna no momento atual, de total descrédito do setor
público nesse particular.
Em tese, atividades e projetos que recebem dinheiro a fundo
perdido (que não precisam ser devolvidos) e que não exigem contrapartida financeira
dos beneficiários, são os mais sujeitos à transgressão, pois o custo da fraude
é zero. E proliferam, especialmente se a seleção dos beneficiados depende de
declaração apresentada pelo próprio interessado, por exemplo de uma certa renda mínima (caso do PROUNI e do
Bolsa Família - BF) ou se depende de prova de
idade do interessado (como Benefício de Prestação Continuada - BPC para
idosos sem renda e a Aposentadoria por Idade do INSS). Quando o critério envolve contagem de tempo –
de contribuição previdenciária, por exemplo – a fraude também é relativamente
frequente.
Em todos os casos, porém, é bom ressaltar: o fraudador geralmente
encontra, do outro lado do guichê, um
agente público conivente ou desinteressado de identificar a fraude.
O ilícito também é facilitado quando o recebimento do
benefício é feito por meio de cartão magnético, em caixas eletrônicos, caso do
BF, do BPC e do INSS - o que permite que terceiros se apropriem, por exemplo,
do dinheiro de aposentados/pensionistas/ beneficiários já mortos.
A arma mais eficaz para combater a fraude, na maioria desses
casos, é o recadastramento periódico dos inscritos, o que já vem sendo feito
nos últimos meses pelo Governo Federal , carente de recursos para atender a
seus compromissos mais prementes. Como previ, isso já está acontecendo no caso
do Programa Bolsa Família: conforme estatísticas do site do Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS), em setembro de 2014, imediatamente antes das
eleições, 13.983.099 famílias recebiam o benefício; em outubro de 2014 o número
permaneceu estável e 13.982.036 famílias foram agraciadas, com um gasto de R$
2.372.284.427,00 (ver meu Blog de 11/11/2014). Dados capturados no site do MDS às
21:32:17h de 07/05/2015, dão conta de
que em abril de 2015 o Programa Bolsa Família beneficiou 13.755.692 famílias,
sendo o valor total transferido nesse mês pelo Governo Federal de R$ 2.308.012.264,00. Apesar do aumento do salário mínimo e da
inflação elevada, fora de controle, o Programa já caiu mesmo em valores absolutos
e atende a menos 230.000 famílias do que agraciava nos meses eleitorais de
2014. Sem dúvida, uma boa contribuição para o ajuste fiscal, até pelo fato de
estar reduzindo benefícios recebidos fraudulentamente e pagos até agora por absoluta
cumplicidade/desídia, para não atrapalhar os candidatos do Governo nas últimas
eleições! O processo de recadastramento deve continuar e intensificar-se no BF pois ainda há muita economia a ser feita.
Outra fraude teoricamente inacreditável, mas que ocorre com
recursos repassados a fundo perdido e
sem contrapartidas monetárias, acontece simplesmente pela não realização da atividade ou do projeto contratado. A
proliferação indiscriminada de programas cujas verbas são entregues a ONGs para execução, sem a devida supervisão,
é a principal fonte desse crime, que acarreta um trabalho insano aos Tribunais de Contas, impossibilitados de universalizar
sua fiscalização, em um país de dimensões continentais e com infraestruturas de
transportes e comunicações ainda muito precárias. A fiscalização por amostragem
tem enormes limitações e pode ser previsível para infratores influentes e principalmente
bem informados. Os Ministérios da Educação e do Trabalho foram e são, tradicionalmente, um campo fértil para esse e outros tipos de fraude. O MEC, porque viveu um período de verbas abundantes, gastas sem critério técnico, com o único intuito de conquistar a Prefeitura de São Paulo. O MTE, porque afinal de contas estamos em plena República Sindicalista e temos todos que pagar "pedágio" aos pelegos de plantão. Programas culturais, de qualificação profissional, iniciação
esportiva, educação de jovens e adultos, saúde preventiva e educação sanitária,
bem como de ações comunitárias diversas,
são alvo fácil dessas atividades criminosas.
No próximo blog abordaremos outros tipos de programas
mantidos pelo Governo Federal e que podem sofrer revisão e propiciar grandes
economias de verbas federais: por exemplo, os programas em duplicidade,
executados por diferentes órgãos públicos que não estão coordenados entre si;
os programas cujos objetivos são meramente demagógicos ou eleitorais, não
correspondendo em realidade a uma legítima política pública; os programas de
efetividade discutível, que podem ser descontinuados sem quaisquer consequências
negativas. Sempre com o intuito de colaborar com o saneamento das combalidas
finanças públicas.
[1] Só temo que tendo havido o aparelhamento de toda a
máquina governamental, gerida nos últimos anos por uma multidão de
incompetentes, cuja única virtude exigida era a lealdade à República
Sindicalista, a parte sadia de gestores ora no poder não consiga grande ajuda
dos seus “companheiros”. Daí minha iniciativa...
Acabo de ler no Estadão que a CGU fiscalizou o PROUNI por amostragem e achou mortos, estrangeiros, alunos com renda fora dos critérios do programa etc aos milhares. Gente que não podia receber as bolsas. Confirmando exemplo citado no Blog acima
ResponderExcluirExcelente !!! E aos poucos as fraudes vêm sendo descobertas...
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