O IBGE acaba de publicar sua Pesquisa Mensal de Emprego
(PME) para abril de 2015, divulgando o resultado de 6,4% para a desocupação. A
mídia, equivocadamente, anunciou que “a
taxa de desemprego no Brasil é de 6,4%”. Errado: a amostra da PME abrange
apenas seis regiões metropolitanas (Rio, S. Paulo, Porto Alegre, Belo
Horizonte, Recife e Salvador) e não retrata a realidade do país como um todo. A
desocupação em nosso país já deve ter ultrapassado 8%, com nítida tendência de
alta.
Essa confusão causada pela PME ocorre há anos e é incompreensível
que ainda persista. O próprio IBGE já realiza a PNAD Contínua, de conteúdo mais abrangente e mostrando a situação das estatísticas do
trabalho na totalidade do território nacional. A PME perdeu significado há muitos
anos, na medida em que houve uma significativa interiorização da atividade
econômica e o agronegócio deu um salto expressivo. Agora, com o lançamento da
PNAD Contínua, a PME tornou-se inútil.
Por seu turno, o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) financia
outra pesquisa redundante e irrelevante, realizada pela Fundação
SEADE/DIEESE, praticamente igual à PME e ainda com uma
definição de desemprego totalmente errada, forjada por motivos políticos/ideológicos nos
tempos do regime militar, para aumentar o valor da taxa de desocupação.
Descontinuar essas pesquisas traria apenas pequenas economias
de recursos públicos, é certo, mas aperfeiçoaria a qualidade de nossas
estatísticas do trabalho e sobretudo indicaria uma atitude positiva das
autoridades governamentais neste grave momento de finanças desequilibradas.
Atitude que falta na maior parte da nossa viciada máquina pública.
O Brasil é fértil, também, em outra espécie de desperdício,
ainda no campo da informação: a coleta de dados que jamais serão utilizados e
que muitas vezes até constituiriam excelentes fontes para estudos, pesquisas e
formulação de políticas públicas. Além de terem um custo, é claro. Um exemplo
clássico está na área do Ministério do Trabalho, mais precisamente no SINE
(Sistema Nacional de Emprego). Todos trabalhadores que vão às 1.600 agências do
SINE à procura de emprego – e que atualmente já devem exceder 5 milhões por ano – preenchem um formulário extenso,
com seus dados pessoais, ocupação, pretensões quanto a salário, regime e local
de trabalho etc. Esses dados vão para um sistema (SIGAE) administrado pelo MTE e
lá ficam , estocados e praticamente intocados, há décadas. A cada dia, se tratadas
cientificamente, essas informações mostrariam as características dos
desempregados no Brasil, dando subsídios importantes para a formulação de
políticas públicas. O SIGAE também
recebe, do SINE, informações das empresas que ofertam postos de trabalho e
pedem candidatos com certos atributos de qualificação, local de moradia,
exigência salarial etc.
Um exemplo simples permite compreender a importância desses
dados desprezados dentro do SIGAE: é
comum a afirmação, pelas autoridades do MTE, especialmente em momentos de
desemprego em alta, que existem muitos postos de trabalho que são oferecidos
pelas empresas mas não são aproveitados por falta de candidatos devidamente
qualificados. Ora, ocupações vagas e não preenchidas durante um período longo
indicam o déficit de trabalhadores com
essas qualificações requeridas pelo mercado e consequentemente aconselham o
imediato investimento em cursos para formar esse tipo de trabalhador. Cursos que o próprio MTE, teoricamente,
poderia oferecer com recursos do FAT. Portanto,
caso o SIGAE processasse e interpretasse essas informações do SINE, ter-se-ia um instrumento
precioso de planejamento da qualificação profissional, que hoje geralmente é
feita de modo errático, com base exclusivamente em propostas das entidades que ministram
treinamento profissional. Estas, fazem
ofertas que só levam em conta a capacidade instalada de que dispõem para dar cursos e
não consideram o que o mercado demanda.
Mudando para outro polo, onde o desperdício ataca ainda mais diretamente
o bolso dos contribuintes, lembro que Roberto Campos ironizava as custosas originalidades
desnecessárias “fabricadas” pelo intervencionismo governamental brasileiro. Coisas que só existem no Brasil. E que sendo ironizadas, ridicularizadas mesmo há tempos, continuam a proliferar,
muitas vezes resultando do que se poderia denominar de “corrupção
macroeconômica”, com lucros para alguns e gastos inúteis para a população, a
qual tem dias muito difíceis pela frente e não precisa desse “empurrãozinho” do
Governo para piorá-los.
Neste momento de crise, esse custo adicional e desnecessário
é simplesmente insuportável. Seria aconselhável, obviamente, que o Governo
parasse de tomar decisões que oneram o bolso do povo e muitas vezes exigem
inutilidades tais como o insustentável monopólio do álcool em gel, o renegado
kit de primeiros socorros para os carros e as vitoriosas tomadas de três
buracos para todos os lares brasileiros.
Vocês imaginam o custo dessa tomada “focinho de porco” para a sociedade, para dezenas de milhões de lares e empresas?
Sabem quais os responsáveis por essas dispendiosas gracinhas? Não seria
razoável dar publicidade aos nomes desses ilustres inventores dessas medidas
que vão onerar toda a população brasileira. Não seria bom conhecer suas origens e ligações familiares, políticas, sociais e comerciais?
Nos Estados Unidos e na Europa não se usa extintores de
incêndio nos carros. Motivo: lá, são considerados absolutamente ineficazes. No Brasil, exigidos universalmente, por força
de interesses desconhecidos, agora descobriram a necessidade de um novo tipo (o
fugidio ABC), que todos devem comprar mas que ninguém encontra nas lojas. Já calcularam quanto vai custar essa inovação? No momento, temos 100 milhões de veículos em circulação. Ao preço médio de R$ 100 por
unidade (é esse preço absurdo que estão cobrando, em face da escassez...) o reequipamento da frota atingiria dez bilhões de reais (R$ 10.000.000.000)!
Superior ao ajuste fiscal pedido pelo Governo Federal neste momento ao
Congresso, na forma de mudanças da legislação trabalhista e previdenciária.
Vistoria de autos e vistoria de prédios residenciais também são exigências totalmente discutíveis tecnicamente, além de operações que geram uma cadeia de
novas despesas aos proprietários de veículos e condôminos, já atarantados com
os aumentos de pisos salariais irrealistas e das tarifas de energia elétrica e
água.
A lista é interminável. O Governo Federal, que já nos criou esta
crise de grandes proporções, por força de 8 anos de gestão caótica, precisa parar de nos
torturar...Basta!
Análise oportuna !!!
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