sexta-feira, 16 de junho de 2017

FINALMENTE O BRASIL CHEGOU À OCDE!

Ótima notícia, da série “ANTES TARDE DO QUE NUNCA”,   que felizmente se tornou rotineira ultimamente  e que espero publicar ainda muitas outras vezes nos próximos meses, no decurso das atuais reformas e medidas modernizadoras que visam recuperar nosso debilitado país: finalmente o Brasil se tornará membro da OCDE (Organização  de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), organização multilateral governamental que considero a mais competente em atividade no âmbito internacional e cuja convivência institucional nos fará muito bem, abrindo-nos as portas do século XXI!
A mídia de maior influência em nosso país não deu destaque ao acontecimento,  ignorando  sua importância. Assim como a educação brasileira, infelizmente, nossa mídia não ficaria bem colocada no teste  PISA!  (aliás, iniciativa brilhante e vencedora da OCDE...)
Mas o fato é que nosso governo oficializou, no fim do mês passado (29 de maio de 2017), pedido para o Brasil aderir à prestigiosa organização internacional, que congrega  atualmente 35 países e cuja atuação é baseada nos princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. A certeza da aceitação do Brasil, no seio da organização, ficou clara em recente entrevista de seu principal executivo,  Angél Gurría,  afirmando que "o Brasil cumpre plenamente com todas as condições prévias. Já é da família, como um primo muito próximo".
Sou daqueles que prestam homenagens permanentes à OECD, por tratar-se de uma organização que pratica e demanda normas modernas de administração econômica, de gestão, de transparência, abertura e ética, cujo impacto nas boas práticas em políticas públicas é inquestionável.
Lembro bem do dia, há muitos anos,  em que vi com certa surpresa, na sua excelente revista “OBSERVER”, da qual fui leitor compulsivo, a menção ao fato de que a OCDE iria dedicar-se ao estudo da corrupção e do branqueamento (lavagem) de capitais  nos países-membros. Estranhei - porque a OCDE dedicava-se a temas substantivamente  ligados ao desenvolvimento - mas ao mesmo tempo acendeu-se-me  a esperança de que a entrada da OCDE nesse tema – tão importante para o Brasil – fosse o ponto de partida para o combate eficaz a essa praga universal, que infelicita tantos países, especialmente quando chega a níveis muito elevados (como tem sido no Brasil, nas décadas mais recentes).
E não deu outra! Os países-membros da OCDE, os mais desenvolvidos do mundo, conscientizaram-se dos males irreparáveis da corrupção, dos prejuízos que causa ao progresso das nações  e várias medidas foram surgindo com o intuito de combatê-la. Os paraísos fiscais foram sofrendo restrições crescentes, os fluxos de capitais suspeitos sendo acompanhados e sofrendo sanções, os sigilos das famosas “contas secretas” foram caindo aqui e ali, tudo feito dentro de normas cada vez mais severas...
A competência da OCDE certamente teve uma grande influência sobre a institucionalização da repressão internacional a corruptos e corruptores, por mais ricos e influentes que sejam e que agora estão cada vez mais ao alcance da lei, bastando aplicá-la, como se está fazendo agora no Brasil.
De certa forma, devo meu ingresso no serviço público, na década de 1960, à OCDE. Interessado em Educação, eu acompanhava as novidades que surgiam nessa área, em que o Brasil  permanecia bastante atrasado, principalmente porque nosso setor de ensino  estava muito mais voltado para teorias  filosóficas e privilegiando  o proselitismo político do que empenhado na realização de suas tarefas específicas e primordiais. Exatamente como tem ocorrido nas duas últimas décadas, em que a educação pouco educa e muito doutrina, mais deforma do que forma cérebros e almas.  Uma de minhas fontes de conhecimento e informação era a revista OBSERVER da OCDE, onde me  inteirei do seu PROJETO REGIONAL MEDITERRÂNEO , de planejamento educacional para alguns países europeus.  Planos que além das clássicas estatísticas demográficas também levavam em conta as necessidades de mão de obra das respectivas economias, o que se ajustaria muito bem ao caso brasileiro.
À época eu trabalhava na CONSULTEC, uma empresa de consultoria econômica, onde eu havia elaborado projetos de pedido de financiamento à USAID para  as escolas primárias, os ginásios industriais e a Escola Superior de Desenho Industrial do Governo Carlos Lacerda, do Estado da Guanabara, além de uma monografia (EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL) para a Universidade de Harvard.
Eu costumava colaborar com a redação da revista APEC (Análise e Perspectiva Econômica), liderada por Victor da Silva, com artigos diversos e numa dessas matérias, ao fim de 1964, abordei o plano educacional da OCDE e comentei sobre sua potencial adequação ao caso brasileiro. Roberto Campos (então Ministro Extraordinário do Planejamento e Coordenação Econômica) leu o artigo, gostou das ideias expostas e perguntou a Victor da Silva quem o havia escrito.  Daí o convite que me chegou logo depois, trazido pelo meu amigo e colega na CONSULTEC, Mário Henrique Simonsen, para criar e dirigir o futuro Setor de Desenvolvimento Social do EPEA (atual IPEA).
Já no cargo, durante alguns meses, recebi a assistência técnica periódica da OCDE, na pessoa do especialista em recursos humanos Angus Madison. Ajuda informal,  já que o Brasil não era país-membro, mas conseguida graças ao prestígio pessoal do Ministro Roberto Campos. E preciosa! Conversar com Angus Madison algumas horas valia um curso presencial da maior qualidade...
Em sua origem, a OCDE era formada por países europeus, aos quais se juntaram pouco depois Estados Unidos, Canadá e Japão, constituindo o que se chamava de “Clube dos Países Ricos”, mas a instituição foi gradativamente abrindo a participação a outros países. O Brasil já poderia ter sido admitido anteriormente, há muitos anos, mas os governos esquerdistas de FHC, Lula e Dilma preferiram sempre outros parceiros, deslumbrados ideologicamente com os “paraísos da igualdade” – Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador.
O Brasil vai agora, na OCDE, ter melhores companhias, partilhar boas práticas de gestão e liberar-se dos dogmas das economias dirigidas e fechadas. FINALMENTE!

Incidentalmente, fui convidado e participei recentemente do Webinar da OCDE sobre os conhecimentos, em educação financeira, de 48.000 estudantes de 15 países, testados no PISA de 2015.  Infelizmente, os alunos brasileiros tiveram os resultados médios mais baixos (390 pontos) entre todos os países participantes, evidenciando mais um aspecto negativo da  qualidade medíocre de nosso ensino básico.












Esperemos que os novos ventos  que sopram em nosso país melhorem também nossa pobre educação.

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