domingo, 4 de junho de 2017

SEMINÁRIO DA UNESCO PELA WEB

Na semana de 29 de maio a 2 de junho participei do Seminário que a UNESCO realizou pela internet sobre “TRANSFORMAÇÃO DO  TREINAMENTO  DE PROFESSORES PARA A MELHORIA DOS RESULTADOS DO APRENDIZADO”. Mais de 1100 educadores e professores, de todas as partes do mundo, participaram do  Seminário, o qual abrangeu três grandes temas.
No primeiro, foram abordados os pontos fracos e fortes dos sistemas de formação de professores que podem ser depreendidos dos resultados de grandes levantamentos estatísticos e qualitativos, nacionais e internacionais. Nas discussões  sobre este  tema, vários participantes destacaram a importância dos dados que mostram que os antecedentes socioeconômicos dos alunos têm um impacto mais forte nos resultados de sua aprendizagem do que as características dos seus  professores - sublinhando novamente como nossas discussões sobre educação se relacionam com questões de justiça social.
Os comentários dos participantes convergiram para três questões-chave:
a). Que dados e informações temos sobre os pontos fortes e fracos específicos dos sistemas atuais de formação de professores e  sobre sua relação com os resultados de aprendizagem dos professores?
b). Que dados e informações temos sobre a relação entre as características específicas do sistema de formação de professores e os resultados de aprendizagem dos seus alunos?
c). Existem outros dados que as avaliações internacionais deveriam coletar sobre a formação de professores e que atualmente não estão disponíveis?

As discussões do segundo tema foram  sobre   reforma do sistema de formação de professores  e  houve consenso em torno de algumas questões:
a)Os programas de formação realizados antes do exercício do magistério (“pre-service”) tanto quanto os de educação continuada, desenvolvidos durante o exercício profissional (“in-service”), precisam ser reformados. Abordagens como a tutoria de professores recém-qualificados e o engajamento de  professores interessados em participar de novas metodologias  pedagógicas  devem ser incentivadas ao longo de todo processo formativo.
b)Não apenas os professores, mas também os educadores de professores precisam de uma melhor preparação e oportunidades mais sistemáticas de desenvolvimento profissional  contínuo.
 c)Reformar o sistema de formação de professores por si só não é suficiente: os salários dos professores e seu status devem ser melhorados;  estudantes com melhor rendimento escolar devem ser recrutados para programas de formação de professores e os efeitos da pobreza e das deficiências  dos estudantes que vão atender também precisam ser abordados.

Ocorreu um intercâmbio rico e esclarecedor na Discussão do Tema 3, sobre as competências essenciais dos professores que não estão sendo adequadamente enfatizadas nas abordagens convencionais para a formação de professores.
Foram sublinhadas algumas das competências em falta (que muitos participantes ressaltaram):
Fluência no conhecimento básico e em habilidades aprendidas na escola primária e secundária
Capacidade de ensinar conteúdo de maneiras adequadas ao nível particular de seus alunos
Uso de avaliações para analisar e melhorar o ensino e a aprendizagem
Uma orientação acerca de auto-reflexão, aprendizado contínuo e auto-aperfeiçoamento
Capacidade de trabalhar com as necessidades individuais dos alunos, incluindo os deficientes  e superdotados
Conhecimentos e habilidades específicas: alfabetização digital / TIC e mídia, instrução de leitura, uso  de materiais didáticos práticos, conhecimento da linguagem de instrução e capacidade de usar métodos de instrução bilíngues, baseados na língua materna
Inclusão, equidade, justiça social, equidade de gênero, apreciação da diversidade e habilidades e atitudes específicas para trabalhar com populações  desfavorecidas
Estabelecer conexão de conceitos abstratos e práticos às necessidades da comunidade local
Capacidade dos professores de colaborar entre si para melhorar a escola  e  o ensino
Durante minha participação, dei ênfase a alguns pontos:
a)no primeiro tema, comentei o fato de que os candidatos ao magistério no Brasil estão entre os estudantes de pior rendimento escolar, em função do baixo prestígio social da carreira docente e das condições precárias de exercício profissional; propus programa de orientação profissional visando identificar e recrutar precocemente estudantes talentosos para a carreira docente; complementei,  mostrando a necessidade de incentivar o professorado com melhores salários e “fringe benefits”;
b)no segundo tema, lamentei que os cursos superiores de formação de professores no Brasil estão deformados pela doutrinação ideológica a que seus alunos são submetidos, sob o pretexto do que os meios acadêmicos denominam de “formação para a cidadania”. Conteúdos e pedagogia – que verdadeiramente importam na formação de professores - perdem espaço para o aparelhamento político das faculdades de educação;
c)no terceiro tema, lembrei que os professores devem ter competências que lhes permitam envolver  no processo educativo tanto os pais de seus alunos como a comunidade no entorno da escola. Enfatizei a necessidade de criar programas instrucionais utilizando o smartphone em sala de aula e em atividades  fora das classes.

Foi uma experiência espetacular, em que a internet colocou o mundo da educação em meu PC.

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