Nos meus tempos de colégio, o
monitor era aquele aluno que se destacava em determinada matéria e era
escolhido pelo professor para ajudá-lo em suas aulas e eventualmente realizar
algumas tarefas específicas com os colegas, tais como reações de química,
exercícios de matemática, experimentos de física e assim por diante. No Colégio
Mello e Souza, o monitor de Química era o Victor, uma vocação de mestre. Victor
Notrica, depois de formado, foi um professor de ponta e quando o revi era
Diretor do Instituto Guanabara, na Tijuca, Rio de Janeiro. Até o fim de 2013 foi
o Presidente do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino Particular no Rio de
Janeiro (SINEPE Rio) e hoje é seu Vice-Presidente.
Monitor! Aí está uma velha ideia
que ainda cabe nestes tempos de escassez de vocações para o professorado. A busca
de talentos para o magistério deve começar desde cedo, no próprio ambiente
escolar – o mais propício para o recrutamento e a seleção de jovens motivados para o exercício
da profissão. Dentro dessa perspectiva, a instituição, nas escolas públicas de
nível médio, da figura do “aluno-monitor” (ou simplesmente monitor), pode
contribuir para a renovação dos respectivos quadros docentes. Os monitores
seriam escolhidos dentre os melhores alunos, ao fim da primeira série do ensino
médio e ajudariam os docentes da disciplina escolhida nas duas séries seguintes,
havendo uma política deliberada de estímulos diversos para lograr seu
comprometimento natural com a profissão docente. Para a identificação e a assistência ao
trabalho dos monitores, as Secretarias de Educação (ou os Diretores das escolas,
por delegação da Secretaria) designariam “professores-tutores”, verdadeiros olheiros
e treinadores, encarregados da busca e orientação dessas vocações precoces (os
alunos-monitores). Os monitores receberiam bolsas de iniciação à docência como
remuneração, no valor mensal de um terço do salário mínimo, para sua manutenção
pessoal, compra de livros, equipamentos de informática e demais materiais
didáticos. No caso de mau aproveitamento escolar, a critério dos Diretores, o
monitor deixaria o Projeto.
Quando o monitor participar do ENEM
(só poderá fazê-lo uma vez depois de seu ingresso no projeto) e ficar colocado
entre os 1.000 candidatos com maiores notas globais no Brasil, os “professores-tutores”
que os indicaram receberão uma gratificação (por aluno indicado e colocado) da
respectiva Secretaria de Educação. Sempre que um monitor se classificar para o
ensino superior e optar por cursar uma Licenciatura, seu tutor também será
gratificado.
Todos os estudantes, dentre os 10.000
melhores classificados no ENEM, que optarem por cursar as Licenciaturas em
Universidades públicas, receberão bolsas de manutenção pessoal equivalentes a
um salário mínimo, durante toda a duração do curso de Licenciatura. Os
bolsistas perderão o benefício caso sejam reprovados, se evadam ou mudem de
curso. Esse número (10.000) poderá
variar em função das necessidades do sistema e das disponibilidades de recursos.
Os estudantes, dentre esses mencionados, que frequentarem estabelecimentos de
ensino superior em que não haja gratuidade, receberão adicionalmente bolsas do
PROUNI que cubram 100% das suas anuidades durante todo curso, desde que sejam aprovados em todas as matérias
(ou em todos semestres letivos), cessando o benefício no caso de reprovação,
evasão ou mudança de curso.
No decorrer da Licenciatura, esses
estudantes, a cada ano, farão estágio de 1 mês, dando aula no ensino médio
público, ganhando remuneração cumulativa com as bolsas que porventura recebam.
Formados na Licenciatura e depois
de dois anos de serviço no ensino médio público esses professores, antigos
monitores, passarão a ser elegíveis para receberem licenças remuneradas e
bolsas para fazerem cursos de Mestrado
gratuitamente.
Dois anos após completado o
Mestrado, os professores poderão ser elegíveis para ganharem novas licenças remuneradas
e bolsas para fazerem o Doutorado gratuitamente.
Cinco anos depois de concluído o
Doutorado, os professores podem apresentar um projeto visando um estágio de
especialização em Universidades do exterior.
- ONG selecionada poderia liderar o Projeto Monitoria, firmando convênio com as Secretarias de Educação que aceitassem as condições deste projeto (concessão de licenças remuneradas para educação continuada dos docentes e designação e gratificação dos “tutores”). A ONG obteria também a adesão de empresas para cobrirem os custos dos monitores até o fim de suas Licenciaturas. A ideia é manter o Projeto ativo durante um longo período, suficiente para formar um estoque apreciável de docentes talentosos.
- As ONGs atuando no Brasil mantêm incontáveis “escolinhas” de futebol, voleibol, basquete etc além de numerosíssimos cursos de iniciação à música, dança, capoeira etc etc mas não há publicidade de qualquer iniciativa desse teor visando descobrir futuros matemáticos, físicos, químicos, biólogos e principalmente professores. Este projeto - quem sabe? - pode ser o início desse novo modismo, com reflexos positivos e importantes para o Brasil.
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