segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

MONITOR DE HOJE É O PROFESSOR DO AMANHÃ

Nos meus tempos de colégio, o monitor era aquele aluno que se destacava em determinada matéria e era escolhido pelo professor para ajudá-lo em suas aulas e eventualmente realizar algumas tarefas específicas com os colegas, tais como reações de química, exercícios de matemática, experimentos de física e assim por diante. No Colégio Mello e Souza, o monitor de Química era o Victor, uma vocação de mestre. Victor Notrica, depois de formado, foi um professor de ponta e quando o revi era Diretor do Instituto Guanabara, na Tijuca, Rio de Janeiro. Até o fim de 2013 foi o Presidente do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino Particular no Rio de Janeiro (SINEPE Rio) e hoje é seu Vice-Presidente.
Monitor! Aí está uma velha ideia que ainda cabe nestes tempos de escassez de vocações para o professorado. A busca de talentos para o magistério deve começar desde cedo, no próprio ambiente escolar – o mais propício para o recrutamento e a seleção de jovens motivados para o exercício da profissão. Dentro dessa perspectiva, a instituição, nas escolas públicas de nível médio, da figura do “aluno-monitor” (ou simplesmente monitor), pode contribuir para a renovação dos respectivos quadros docentes. Os monitores seriam escolhidos dentre os melhores alunos, ao fim da primeira série do ensino médio e ajudariam os docentes da disciplina escolhida nas duas séries seguintes, havendo uma política deliberada de estímulos diversos para lograr seu comprometimento natural com a profissão docente.  Para a identificação e a assistência ao trabalho dos monitores, as Secretarias de Educação (ou os Diretores das escolas, por delegação da Secretaria) designariam “professores-tutores”, verdadeiros olheiros e treinadores, encarregados da busca e orientação dessas vocações precoces (os alunos-monitores). Os monitores receberiam bolsas de iniciação à docência como remuneração, no valor mensal de um terço do salário mínimo, para sua manutenção pessoal, compra de livros, equipamentos de informática e demais materiais didáticos. No caso de mau aproveitamento escolar, a critério dos Diretores, o monitor deixaria o Projeto.
Quando o monitor participar do ENEM (só poderá fazê-lo uma vez depois de seu ingresso no projeto) e ficar colocado entre os 1.000 candidatos com maiores notas globais no Brasil, os “professores-tutores” que os indicaram receberão uma gratificação (por aluno indicado e colocado) da respectiva Secretaria de Educação. Sempre que um monitor se classificar para o ensino superior e optar por cursar uma Licenciatura, seu tutor também será gratificado.
Todos os estudantes, dentre os 10.000 melhores classificados no ENEM, que optarem por cursar as Licenciaturas em Universidades públicas, receberão bolsas de manutenção pessoal equivalentes a um salário mínimo, durante toda a duração do curso de Licenciatura. Os bolsistas perderão o benefício caso sejam reprovados, se evadam ou mudem de curso.  Esse número (10.000) poderá variar em função das necessidades do sistema e das disponibilidades de recursos. Os estudantes, dentre esses mencionados, que frequentarem estabelecimentos de ensino superior em que não haja gratuidade, receberão adicionalmente bolsas do PROUNI que cubram 100% das suas anuidades durante todo curso,  desde que sejam aprovados em todas as matérias (ou em todos semestres letivos), cessando o benefício no caso de reprovação, evasão ou mudança de curso.
No decorrer da Licenciatura, esses estudantes, a cada ano, farão estágio de 1 mês, dando aula no ensino médio público, ganhando remuneração cumulativa com as bolsas que porventura recebam.
Formados na Licenciatura e depois de dois anos de serviço no ensino médio público esses professores, antigos monitores, passarão a ser elegíveis para receberem licenças remuneradas e bolsas para fazerem cursos de  Mestrado gratuitamente.
Dois anos após completado o Mestrado, os professores poderão ser elegíveis para ganharem novas licenças remuneradas e bolsas para fazerem o Doutorado gratuitamente.
Cinco anos depois de concluído o Doutorado, os professores podem apresentar um projeto visando um estágio de especialização em Universidades do exterior.

  • ONG selecionada poderia liderar o Projeto Monitoria, firmando convênio com as Secretarias de Educação que aceitassem as condições deste projeto (concessão de licenças remuneradas para educação continuada dos docentes e designação e gratificação dos “tutores”).  A ONG obteria também a adesão de empresas para cobrirem os custos dos monitores até o fim de suas Licenciaturas. A ideia é manter o Projeto ativo durante um longo período, suficiente para formar um estoque apreciável de docentes talentosos.


  • As ONGs atuando no Brasil mantêm incontáveis “escolinhas” de futebol, voleibol, basquete etc além de numerosíssimos cursos de iniciação à música, dança, capoeira etc etc mas não há  publicidade de qualquer iniciativa desse teor visando descobrir futuros matemáticos, físicos, químicos, biólogos e principalmente professores. Este projeto - quem sabe? - pode ser o início desse novo modismo, com reflexos positivos e importantes para o Brasil.

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