Fui convidado, pelo Instituto Internacional de Planejamento
da Educação (IIPE) da UNESCO, a assistir e participar, em 15/11/2018, de uma
exposição de duas ex-Ministras da Educação, da Itália e da França, sobre formulação de políticas educacionais
estratégicas.
Najat
Vallaud-Belkacem (França) e Stefania
Giannini (Itália) expuseram as dificuldades que encontraram para realizar
reformas, obter apoio da opinião pública para ideias inovadoras e lidar com o
professorado e seus sindicatos. Relataram problemas comuns aos encontrados no Brasil, os quais chamaram minha atenção,
dentre eles: o extremo conservadorismo dos professores, que têm grande
dificuldade em aceitar a mudança, qualquer que ela seja; o caráter
político-partidário dos seus sindicatos, muito mais guiados pelos interesses
imediatos de suas facções do que pelos rumos futuros do ensino e de sua classe
profissional ; o grevismo exagerado dessa categoria profissional.
Minhas reflexões, suscitadas pelo debate, desembocaram em
algumas conclusões sobre os aspectos mais recentes das polêmicas referentes à
educação brasileira.
Uma conclusão, sobretudo, aflorou com clareza: a
irrelevância dos temas mais recentes que são alvo de controvérsia, levando para
o espaço escolar o que não tem importância mas que chama a atenção, muito mais
pelo modo escandaloso de sua apresentação. Dessa maneira, pelo
sensacionalismo, acabam figurando na agenda da grande mídia e da opinião
pública, deixando no esquecimento aquilo que realmente importa.
Exemplos dessa perda de tempo não nos faltam:
a)
a nível micro, levar para as escolas e as salas
de aula as discussões sobre ideologia de gênero – assunto que deveria ser
predominantemente da família - é um álibi de gestores e professores
desqualificados para contornar sua incompetência para transmitir conteúdos
pedagógicos, função primordial para qual não estão adequadamente preparados.
Isso mesmo: não tendo competência para ensinar matemática, português, física,
química, biologia, o mau professor seduz seus jovens alunos evocando temas
polêmicos, o que é muito mais fácil. Como consequência, naufraga a qualidade do
ensino, sofrem os conhecimentos, as habilidades e as competências dos alunos;
b)
a nível macro, em vez de buscar as razões para as
colocações vergonhosas do Brasil no Teste PISA da OECD, no qual sempre estamos
em último ou penúltimo lugar, deslocamos o foco para enaltecer a autonomia
universitária e a liberdade de cátedra. Sempre, é claro, omitindo que a
autonomia universitária é financiada com
o dinheiro dos contribuintes – que não têm assento nos órgãos decisórios da
academia. Esquecendo de acentuar,
também, que muitas vezes a liberdade de cátedra serve à escravização ideológica
de jovens ainda em formação, tirando-lhes a autonomia, o direito de escolha
consciente. O professor que, na sala de aula, está em uma posição hegemônica
sobre o aluno e se aproveita desse fato para a indução ideológica, em verdade
está usurpando um direito do discente.
O que precisamos é saber porque o
Brasil gasta acima de 6% do PIB em educação – mais do que os países da OCDE – e
os resultados são pífios. Quais foram os ralos em que os Governos FHC, Lula e
Dilma jogaram os recursos que deveriam alimentar a qualidade de nossa educação?
Precisamos saber se o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) – cuja ideia de criação foi minha,
quando estava no IPEA – administra seus vultosos recursos obedecendo a
critérios técnicos ou se sofreu o mesmo processo de deterioração que o BNDES.
Precisamos saber se o MEC faz a devida avaliação da execução dos projetos que delega às ONGs, fartamente irrigadas com
suas verbas. E como estão as respectivas prestações de contas?
Enfim, há muito o que descobrir
nas caixas pretas do MEC do PSDB e do PT, gestores com viés ideológico, de uma fase negra da educação brasileira:
NÃO DEIXEMOS QUE O IRRELEVANTE
ESCONDA O QUE É REALMENTE IMPORTANTE!
Nenhum comentário:
Postar um comentário